terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Flores
Dry Neres





Hoje pensei em escrever qualquer coisa assim, de giz...
Hoje, me lembrei de você!
Me lembrei de mim...
Do rosto meu, assim, no travesseiro.
Eu que já perdi de tudo nessa vida, não imagina nunca que o vento me roubasse...
Uma filha, uma irmã, uma mãe, uma amiga, tudo junto.
O vento levou você pra longe.
Mas eu te sinto tão perto!
Como pode ora, haver sentimento tão nobre assim?
Não sou tão boa longe de você.
Diz que volta um dia, diz que volta breve, diz que não vai me esquecer!
Meu coração se enche como mar denso e salgado em lágrimas de saudade...
Em lágrimas do abraço nosso, em códigos das falas silenciosas nossas.
De tudo... Me diz, sussurra: Simply Undeniable!
Because we are best friends, right, right, right???
Que os ventos te soprem meus cuidados.

Pra você Nany, amiga de longas datas. Me traz flores Holandesas! :) Te amo!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Meus predicados
Dry Neres
=--=--=--=--=--=--=--=--=>>v.o.c-ê.u.<<=--=--=--=--=--=--=--=--=n.ó.s=--=--=--=--=--=--=--=
T.a.l.v.e.z h.o.j.e s.e.j.a s.ó n.o.s.t.a.l.g.i.a Q.u.e.m s.a.b.e s.a.u.d.a.d.e d.o c.a.l.o.r d.o t.e.u c.o.r.p.o T.a.l.v.e.z m.e.m.ó.r.i.a.s d.e C.a.s.m.u.r.r.o q.u.e i.n.s.i.s.t.i.r.a.m e.m a.p.a.r.e.c.e.r c.o.m r.o.s.a.s i.n.d.e.s.e.j.á.v.e.i.s e.m m.i.n.h.a j.a.n.e.l.a N.ã.o e.s.t.o.u t.r.i.s.t.e m.a.s é q.u.e à.s v.e.z.e.s é p.r.e.c.i.s.o f.i.n.g.i.r q.u.e s.e e.s.t.á T.e.n.h.o s.a.u.d.a.d.e d.o.s a.m.i.g.o.s p.r.o.s.a.i.c.o.s e d.o.s b.a.r.e.s e d.a.s r.á.d.i.o.s e d.o.s l.i.v.r.o.s e.s.p.a.l.m.a.d.o.s T.e.n.h.o s.a.u.d.a.d.e s.i.n.g.u.l.a.r d.o q.u.e e.u n.o.m.e.a.v.a c.o.m.o z.u.n.i.d.o.s d.e t.e.r.m.i.n.a.ç.õ.e.s e.m "i" À.s v.e.z.e.s p.e.n.s.o s.e.r e.u a.n.i.m.a.l E.m o.u.t.r.a.s. t.e.n.h.o a.b.s.u.r.d.a c.e.r.t.e.z.a E.s.s.e c.o.r.a.ç.ã.o m.e.u é q.u.a.s.e v.e.r.m.e.l.h.o q.u.a.s.e g.r.a.n.d.e q.u.a.s.e p.o.e.t.a E.s.s.e c.o.r.p.o é q.u.a.s.e c.o.r.d.a f.i.r.m.e M.a.s b.a.l.a.n.ç.a r.o.d.o.p.i.a b.r.i.n.c.a A.h a.g.r.a.d.e.ç.o a.o.s c.é.u.s p.o.r f.a.z.e.r d.e vo.c.ê m.eu. b.e.m q.u.e.r.e.r V.o.c.ê é t.o.d.a m.i.n.h.a s.o.r.t.e V.o.c.ê é j.e.i.t.o i.n.t.e.n.s.o d.e s.e.r q.u.e e.u q.u.e.r.o g.u.a.r.d.a.r. S.e.u s.o.r.r.i.s.o m.e a.l.i.v.i.a m.e a.c.a.l.m.a V.o.c.ê m.e f.a.z t.ã.o b.e.m C.o.m.o p.o.d.e?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Dois mil e oito pensamentos do meu fascínio
Dry Neres



Ah, como foi bom esse dois mil e oito. Para mim foi fonte de inspiração até nos momentos em que eu via meu coração sangrar como flor despetalada. Nesse dois mil e oito aprendi a fazer morar no papel meus pensamentos de devanear. Conheci pessoas incríveis, descobri a verdadeira face de algumas outras. Fui fonte de contradições e sorrisos. Dancei... Dancei como bailarina na pista de sonhos. Fui atriz no meu palco de cor e dor. Soube distrair-me com as borboletas e com canções que embalavam meu ato de escrever e inventar. Chorei, chorei bastante. Talvez nunca tenha gastado tanto com lenços humanos. Amei... Amei como nunca, como louca em desvairil. Ainda carrego aqui um pedaço teu. Não tenho mais pedaço meu em ti. Agora é perceptível esse olho teu aqui em mim, com ares de sorriso de criança em mulher, com arpejos de cintilância febril. Ah, esse dois mil e oito de violões e circos... De gritos e silêncios... De virtualidades desvirtuais... Onde museus, e cavernas, e lâmpadas, e carros, e sonos, e fantasmas, e você... Moraram, ficaram, demoraram em mim indiscutivelmente.

Me despeço desse dois e mil e oito, com a certeza de que tudo que sou, de que tudo que me faço... É cada vez mais real, mais intenso, mais vermelho, mais você, com você, por mim. É cada vez mais pintado, cada vez mais novela, mais estádio, mais voraz. Estou. Sei. Poeticossintetizada. Entre. Nós. Singular. Os sujeitos. Meus predicados. Nesse ar. De misturas. E pausas. Constantes. Com pontos. Vírgulas pontuadas. Frases circulares. Livros ao forno. Dois mil e oito a-guardar. Meus sorrisos. E véus. Nessa casa. Nesse. Lar. Que. Sou. Eu. Nesse barco. Nesse mar. Estou. E pauso. Para recomeçar.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Amor de Julieta
Dry Neres




Sabe, meu amor... Meus dias são incontáveis com a presença tua. Estes teus olhos de Capitu, esses seus lábios de Literatura-viva-experimental. Sabe, meu amor... O pulsar do corpo teu é veneno doce em minha corrente sanguínea, em meu sistema... Nervoso! Pensamental! É intenso, é vermelho, é puro, é infantil, é humano, é! Quem há de pensar que dentro desse corpo frágil, existe uma força selvagem, um extinto quase nuclear? Quem há de pensar que meu coração está tão assim apaixonado, amor meu? Invento-me, recrio-me, espero-te... Beijo-te, amo-te, sinto-te em cada sussurro e respiração tua. Líquidos! Você é minha dança, minha música, minha inquietação, meu livro-vivo, meu papel em chamas, meu edifício a balançar. Quem há de pensar que poderei eu me afastar do sorriso teu, escultura minha? Diz pra mim, que tua alma há de morar em mim, por mais trezentos mil anos... "Sou tua, amor"! Esse coração meu, parece avião de Atenas, rumo às Índias. Rumo... Rumo... Direção: Você é! Tudo é tão leve, tão lindo, tão romance, tão filme de amor. Temos trilha sonora, papel de parede, canção no celular. Temos jeito de olhar, química na pele, carinho nas mãos, no ato de tocar. Temos coragem! E nossos nomes, deveriam deixar de se chamar, Dry, ou Maria, ou Julieta... Deveríamos nos chamar: Coragem! Porque a felicidade nos basta... e se você está feliz, os céus derramam chuvas de abraços em meus olhos... E eu emudeço, finjo, brinco, estou... Sobretudo, feliz por demais! Eu quero caminhar com você em todos os mundos, meu amor. Cantar todas as canções que o vento nos trouxer. Quero ser tua boca na minha, como explosão nos Fahrenheit! Quem há de dizer que a felicidade nossa é clandestina? Quem há de negar o brilho em nossos olhos? Olhos de Julieta no plural.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Olha
Dry Neres


As pernas nunca sabem
Os próximos passos que os pés darão!
Às vezes com uma paixão, o coração se cruza
Às vezes só com falta de compreensão.
Dói, ver pessoas que você ama
Apontarem-lhe os dedos
Sem ao menos ouvirem a outra versão do livro
A outra língua que traduz a história
O coração emudece diante dos encantamentos
O corpo é vela que se inclina aos desejos mais fortes
Todavia, os desejos não desrespeitaram a ordem natural dos fatos
Primeiro ponto final.
Depois nova frase com letra maiúscula e em fonte times romântico.
Dói ver todos os dedos apontarem você.
Sem que antes tua língua pudesse pronunciar a verdade
A verdade só é uma!
Embora as várias bocas conte-a de formas diferentes
A verdade só é uma, fato!
Só sei do sorriso que carrego na face, no corpo, nos olhos...
Nas chaves, nos livros, páginas, teclados, só sei desse sorriso.
Quem são vocês, deuses que tentam podar meus sentimentos?
Quem são os espíritos que não ouviram a verdade que eu desejo proferir?
Não importa. Não, não importa!
No carro, na camisa, nos calendários, nos meus dias, só sei saber desse sorriso!
Mas parece ninguém querer saber desse lado da história.
Mas nos versos, e na pele, dos ouvidos, nos sussurros...
Só este sorriso diz como estou!
E seguirei sorrindo.
Sim, seguirei sorrindo...
Até que algo prove o contrário.
E se não provar, saberei eu ter encontrado a felicidade!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Memórias de um apaixonado
Dry Neres

Lembrei-me do teu riso e quis beijar as ondas do mar com os lábios teus entrelaçados aos meus em anil. Senti-me em carne viva na ausência tua. Na saudade que aperta num dia que mais parece ter quarenta e duas horas que vinte e quatro. O palpitar exorbitante do órgão que produz o amor ousava chamar teu nome entre as ruas por onde passamos e deixamos rastros de cor e céu. Oh, amor meu, sou tua! E me recordo de quando batem às minhas costas os questionamentos dos que não se enamoraram pela lua: Senhorita, estás a pisar a Terra? Com suspiros a resposta é visível na fotografia tua, que se moldurou nos cabelos claros meus. Pareço pintura moderna, pareço poesia ultra-romântica, com sorriso estampado em camiseta de cetim campestre. Tudo em você é belo... Tudo em você me agrada, minha criança! No teu colo encontro o repouso e inquietação a tanto procurado entre lunetas e faróis. Continua iluminando-me amor meu, sorriso meu, água minha. E em tudo escuto ecoar nossa canção. Todos cantam em coro aberto e exultante. As flores despetalam-se e jogam-se ao chão para que passemos com nossos grãos de amor e paixão. Beija-me! Ama-me! Adormece em meus braços que cantarei o som que faz as ondas do mar a bater nas montanhas, em teus ouvidos, tuas entranhas. Seja a sombra minha. Não me canso de ter você comigo, anjo meu! Alegro-me em ter-te feito minha crença. Rezo-te assim, então! Devora-me, na cor mais exata tua, na cor do sangue nosso!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Vestígios
Dry Neres



Ah, como é bom sentir saudade de um alguém que te completa... De um alguém que te arranca suspiros e sorrisos e sabores... De um alguém que entrou sem pedir licença e construiu morada ampla, com jardim e garagem. Ah, como é bom me lembrar da delicadeza dessas mãos artesanais, desse sorriso estonteante, desse abraço de sublimação, da intensidade do contato nosso.
Eu fico estática aqui, em meu local de escrever, causos e casos... Eu fico paralisada aqui, diante da sua figura... Boqueaberta, diante da conclusão de que o amor não precisa doer pra ser amor... De que existe sim, reciprocidade e de que "até quem me vê lendo o jornal na fila do pão, sabe que eu te encontrei"! É tão real. É tão humano e divino, esse enlace. Me sinto pronta para enfrentar qualquer coisa ao teu lado, anjo meu... Estou segura de que quero você comigo por longas datas, criança minha. Estou certa da quantidade infinita de álbuns escritos e silenciosos que nossas vidas escreverão.
Ah, como é bom te ter aqui comigo... E contar os segundos pra sentir teu cheiro... E te ligar pra não dizer nada; dizer coisas sem sentido, esperar você dizer que me adora e que quer muito que eu esteja contigo. Ah, como é bom te confidenciar meus segredos, saber como foi o seu dia, receber e guardar os beijos teus dentro do lugar mais lindo que há em mim. Você é real. O colorido mais belo dos meus dias tem sido a presença sua. E vejo as utopias partindo pra longe, num barco em que eu escrevi "Eu te amo" em letra ultra-romântica, em véu curto de percepção acerca do amor. E vejo as literaturas inventadas, que têm nome e sobrenome, e cor, e música, e endereçamento de cartas antigas, partirem sem deixar muito rastro; porque o que eu toco me agrada. Porque agora faz sentido. Não, não há coincidências, criança minha! Era pra ser... Eu sei!
Eu quero caminhar contigo entre galáxias e mundos e céus... descalça, nua, desarmada! Somente eu e você.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Amarás!
Dry Neres


Amarás! Este é teu mandamento perpétuo. Quero abraços como os teus, criança minha! Quero mãos que suavizam como as tuas, sorriso meu. Amarás! Não há culpa em conjugar o verbo. Nem aqui, nem por lá, à outrem! Se te coloco em minha vida, não permito que saias nunca mais. Se minha boca beija teus pés, feito o sal beija a água do mar, não te deixo caminhar sem as pernas minhas pra te sustentar entre as veredas, entre os campos dourados de gramas lisas.

Queria te fazer como pintura, como o Criador moldura sua Cri-Ação. Soprar-te-ei as primeiras palavras de doçura, banhar-me-ei da alma tua em canto e poesia, e verei repousada tua sombra nas pedras de cores vizinhas do Ártico. Sua pele assim na minha, seu jeito de me olhar; o jeito com que tocas minha face, aquele jeito de pirraça que insiste em ficar. Da pouca idade que temos, dos poucos instantes que conseguimos morar juntas, nos nossos mundos inventados e longínquos, digo que queria ancorar barco e desejar me deitar. Sentir os elementos da natureza a se moverem como ondas nos órgãos nossos. Que o coração pudesse falar e cantar nossos nomes em coro alto com o sol elevado de mar.

Que a paixão que vem não se vá! Não, não sou boa, só! Amarás!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Minha-Nossa-Dor
Dry Neres


Como irmãos, deveríamos ser. Como irmãos, nos aquecer do frio que exala da máquina salgada do mundo-capital-dor. Da desesperança, do desespero, do desassossego, deste duplo-pensamento-diafônico... Oh Deus, olha pelos filhos teus! Esses seus filhos que não têm cobertor para cobrir seus corações-re-quentados. Oh Pai, até quando no asfalto ficarão sujeitos às pisadelas dos tratores-homens-sem-alma? Até quando viajarão sem barco nem vela, sem água só ar? Esses irmãos nossos que têm dor nos olhos ao olhar as orquestras e o caviar pela vidraça alí da cobertura-do-bacana-altar?
E a criança, Meu Senhor, vi nas mãos dela o sonho que se perdeu. Li nas tuas marcas o rude suor das lágrimas tuas. Revi nos teus cabelos o desconforme e o ridículo para a moda-teen-dos-desalmados-do-Galois. Aquela criança representa bem os tudos e os nadas. Sinto-me bem como ela, assim, impotente em dar e receber amor. Revelo a cor que vejo quando abro a porta: branco-gelo-escuro-fome. Caminhando vou, e um velhinho vem ao meu encontro; numa sanfona carrega a sua casa, no bolso sem fundo, a esperança de encontrar repouso.
Mas de tudo-longo-grande, vejo os homens com atadas-gravatas-de-seda, enforcando sua própria ignorância. Marcando a sua falta de humanidade. Vomitando nos nadas-curtos-pequenos que rastejam em busca de água, vento, som... qualquer coisa assim que encha um prato-de-dentro ou o prato-de-fora.
H-U-M-A-N-I-D-A-D-E!!
O-mundo pe-de, a-gente es-COLHE se-dá.
*Este texto é pra Ana Diniz. Simplesmente Ana! ;)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Lá onde mora o Seu Paulo
Dry Neres





Lá no sol onde faz frio.
Bom dia Seu Paulo!
Algum intervalo?
Me manda um milagre São Paulo?

Me dê informações.
Você já comeu hoje?
Um bom dia gelado...
Era a dor de não ser gente feliz!

Era só a riqueza alí do lado
Ele de costas, em seu refúgio
Com medo das mãos que afagam com veneno

Com falta dos olhos de compaixão
Seu Paulo só queria alguma orientação
Um prato com algo.

FOME AGREGADO AMPARO RESGATE SOLITÁRIO SUJEIRA HOSPITALEIRA FRIA SORRIDENTE SALGADO APALPAVA GRITO SEMENTE ANTIGO RECENTE BESTEIRA CULTURA SERPENTE GENTES ASFALTO TERRINHA CRIANÇA VELHINHA MENTE PINTURA RAIZ IMPERADOR SÓ PROFESSOR ESCOLA VIDA ERRANTE MISÉRIA CAOS COLORIDO VERNIZ ASSIM SENTADO O SENHOR, PAULO SÓ PAULO QUE NÃO É SÃO!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Vagas, palavras vagas
Dry Neres



Os poetas também amam?
Ah, já me perguntei.
Como resposta, obtive uma lágrima que molhou minhas curvas...

Os poetas também amam, meu Senhor? Perguntei a alguém de barbas longas, e ele só acenou. Perguntei a jovem moça que passava em suas cores de mar, e ela assim me guiou. Ainda invoco os seres naturais desse planeta. Durmo no mar, deito nas estrelas, rezo-te, oh sol... Brinco nas nuvens, beijo as flores, banho-me na terra, visto-me do ar. Os poetas também gritam. Os poetas também sabem sorrir, talvez amar... com licença, da formosura do meu pensar. Ah, o amor... de vagueza em lonjura... perco-me nos conceitos arquétipos que leio nas enciclopédias. Emaranho-me nas rupturas que escrevi em minha pele, acerca desse tal sujeito que não ousa sequer ter predicado. Ele, por si só, é. É!! É sem explicações, e se comporta bem assim, por ser o motivo de toda a dor e alegria dos seres que moram por aqui, acolá... de bem longe também. Quero muito... quero mesmo... deixar de escrever-te em mim, e logo em seguida, borrar-te, deste papel vivo que me fiz. Quero de uma vez por todas que meus versos invadam seu sorriso, que moldurem em teus lábios as letras minhas, com os desejos meus de ter você repousado em minhas entranhas. Mas é tudo vago. Tudo aberto. Entre aspas. Marca textos. Braços frágeis. Queria sua luz aqui de novo, me iluminando as noites e congelando as horas que marcam neste relógio azul, de pulso amarelo-fome. De sede risonha-febre.
Os poetas também amam mito-do-meu-encanto-maior? Por enquanto sangram. Mas em ti, podem se curar. Reinventa-me! Eu clamo...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Infinitamente Novembro
Dry Neres
É quase frio. É quase cansado. Parece longo. Parece áspero. Reviro os retratos dos teus suspiros que moldurei em meus olhos, no lugar dos meus cílios, no lugar dos meus globos. As tuas veias me habitam os músculos e em todos os meus movimentos escuto o riso teu. "Platonizando"... Reporto-me à espera tua. Este novembro é gelado, quase morno. De este sorrir que só me lembro quando fecho os olhos no conhecido movimento de pisca-abre, pisca-leve. Sempre. Recorro à cura e na receita, encontro o nome teu. Ainda procuro esse desconhecido, esse amor, que vejo transladado nas pinturas dos quadros, dos livros. Procuro esse desconhecido sem endereço, sem roupas, sem rótulos, sem cura. O grito. Abafado. Em plataforma. Em grande escala. É quase frio. É quase março. Infinitamente novembro.
E eu me lembro...
Dos beijos de cetim. Da fome. Do cheiro. Dos gostos. Dos cabelos. Do frio. E da saudade. Da indiferença. E da busca. Dos silêncios. E acalentos. Dos nadas. Dos tempos.
E eu me lembro...
Da pele macia. Das músicas. Leves. Do que não houve. Do que poderia ter sido. Dos dois sóis. Da porta do carro. Do afago. Da lógica. Ilógica. Dos tons. De amarelo. Em tua pele. Dos ipês. Sem florescer. Nos nossos amanhãs. Das esperanças. Falhadas.
E me esqueço...
De esquecer. O março longo. Que já se foi. O janeiro próximo. Que logo vem. E esse novembro? Infinitamente. Aperta-me. Mas. Não. Devolve-me você. Parece frio. Quase. Morno. É. Frio.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Quase Carolina
Dry Neres


Muito bem humorada, caminhava a menina
Caminhava a menina, assim malcriada
De nariz aduncado, ombros meio largos
Calça xadrez, camisa com cheiro de grama
Muito bem humorada, a Carolina
De humor não sabia falar
Mas lágrimas ela planejava pintar
Ah, Carolina... esses olhos podiam cantar
Dos pássaros é amiga
O céu deseja alcançar
Pula corda com os livros
Ah, Carolina... você sabe sorrir
Quase menina... Quase mulher... Quase Carolina...
Toca os sonhos feito bailarina... Ah, Carolina!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Chorando nossa ausência - Maria Cris
Dry Neres




Às vezes sinto um vazio que vem dos olhos dela. Às vezes penso que ela tenha perdido algo lá atrás, no passado. Os sonhos parecem abrigar malas escondidas. Eu sei que causo sofrimento à tua alma tão sensível. Sei também Cris, que parte minha não te agrada. O sorriso teu, me dá angústia. Eu me sinto impotente, incapaz de fazer algo por você. Você, que parece procurar amigos incolores nas páginas brancas dos livros. Você que tem amigos de longas datas, mas estes moram tão longe do corpo teu. E você se sente só, mesmo tendo em volta de si o mundo. Suas mãos parecem querer alcançar-me, abraçar-me e ninar, como talvez nos velhos tempos. Mas já sou uma estranha em seu coração. Não sei sequer lhe direcionar minhas palavras que apertam a garganta. Palavras de conforto e cuidado. Eu sinto falta de tudo o que não vivemos. De conversas de cabeceira nas noites longas e frias, em que seu amor, só o seu amor Cris, me aqueceria. Te vejo pequena. Uma guerreira que parece ter gasto todas as armas, mas a luta maior a ser travada, se apresenta como esfera que corre rápido em direção aos seus sentidos. A luta maior é a interior. É você contra você, Cris. Eu sei que parte da força que você precisa para se reerguer, provém de mim. Mas sou incapaz. Quero ser mesmo incapaz. É tudo muito confuso. Mas de tudo que sei de grande nesse mundo... é que eu te amo mãe! Sim, eu te amo tanto que chegam a me doer as entranhas e me falta o ar que condiciona os pulmões frágeis. E no auge da minha ingratidão, esqueço-me de desculpar-me durante todas essas noites, por não ser a filha que você merecia ter tido. Sou ingrata e esqueço-me de me desculpar por todas as noites de insônia que eu te causei; por todas as dores das minhas idas e vindas em mundos novos, em vidas novas que eu crio pra mim. Nas dores e nas alegrias que eu crio pra mim. Eu te amo tanto, assim, em segredo, em silêncio, em renúncia. Na verdade, eu só queria saber te amar. Mas meu amor parece que não te alcança, porque você se preocupa mais com coisas pequenas, do que com a profundidade e intensidade do carinho que sinto por ti. Deixa os pormenores pra depois, deixa minhas procrastinações e desentendimentos com o andar de cima pra que eu resolva. Só eu resolva. Tenta me amar e me aceitar como sou. Imperfeita! Incompleta... Sei que dói em você. Sei que temos convênios eternos e você deseja que eu esteja contigo depois daqui. Mas deixa os pormenores e tenta aproveitar o tempo que você tem comigo, porque cada minuto desse é valioso. Não deixa o barco ir embora, antes que você escreva um "Eu te amo" em sua borda. Não deixa nosso amor tão solto assim. Eu te amo tanto, tanto que eu choro de pensar na ausência tua. Passa tua mão pela minha. Me deixa ser teu bebê. Me deixa recordar do ventre teu. Eu te amo tanto e muito e sempre, que as lágrimas que me escorrem parecem ser de ácido que corrói pedaços meus, quando penso na nossa ausência... Quando choro nossa ausência.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Não vou falar sobre o Livro dos "ais"
Dry Neres



Queria agora mesmo, um lugar pra chorar baixinho.
Queria agora mesmo, suas mãos fingindo segurar as minhas.
Ai, como eu queria sua pele a me queimar o coração.
Vem e me salva no teu mundo de cor...

Seca meus rios a escorrer pela face.
Será você capaz de fazer tudo o que diz?
Será apenas ilusão?
Sei lá, sei não.

Silenciosamente, espero um teletransporte
Espero fuga do nada em que vivo
Espero silêncios que me invadam sem medo

Ai, eu já não caibo mais nesses espelhos.
Preciso refletir a imagem de alguém.
Preciso da imagem de alguém refletida em mim.

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Saudade de tudo. Saudade do tempo de correr e brincar. Saudade do que não pude fazer. Saudade dos beijos que quis dar. Saudade do que eu podia fazer. Mas o céu se move, o sol assume personagem novo, e eu, me permito ser de fases tal como é a doce lua. Tal como é o sorriso seu que hora me vem, hora desaparece em silêncio e som.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Descrição da Casa Prosáica
Dry Neres


Os quartos são alongados. Parecem querer abrigar os mundos. Bem iluminados, papéis de parede em poesia, um círculo desenhado ao chão. Em cada canto, uma miragem. No teto, lantejoulas arquetípicas desenham lágrimas que não molham. No ar, perfume de aconchego. No ar, algum resquício de dor. Voltando-se para o lado esquerdo, numa rotação corporal de 55º graus, vê-se a sala. O cômodo mais bonito. O cômodo mais arranjado. Não tem sofá, mas os tapetes cor de sangue desenham o mar que cobre a ausência tua. Os abajures representam as noites de leitura do corpo seu sobre os livros espalmados. A lareira me dá a impressão de sentir o pulsar do meu coração, a cada faísca que voa, que grita lá. Tenho dois quadros. Um meu. Um seu. Mas em todos, a pintura que vejo é a sua. Vejo o dedilhar da alma tua, caminhando pela sombra dos mesmos. Outro papel de parede e os dizeres: Mora-me, pertença-me, suga-me! O som é mais agitado por aqui. O som é mais rápido, intenso. As paredes costumam se movimentar com as ondulações das luzes que emanam do chão. O teto é sem cor. Abriga acomodações de uma osga cinegética (personagem que me habita os devaneios desde que conheci o Agualusa). Não tem cozinha. É bem pequeno por aqui. Não tem banheiro. Já não sou humano. Tampouco, naturalista. É bem pequeno por aqui. Abrigo outra casa. Mas essa só vive em meus sonhos. Das fotos que tiro, só eu vejo a casa perpendicular querendo me invadir. Só eu vejo as possibilidades de um enlace em que a ponta invada meu teto. Só nas fotografias de vento isso se faz real. Só pra mim. E quando desocupada me deixo, visualizo no espelho que ganhou lugar fora da casa, a imagem minha refletida naquela construção. Os cômodos, são minhas personalidades. Os móveis, pura imaginação. O que não foi citado... é a verdade acerca do meu coração.

Tenho uma casa que parece comigo.
Tenho uma casa que parece ser eu.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Eu e meus fantasmas
Dry Neres




Rasguei minha camisa. Me desnudei. Desdobrei as flores. Penso que eles nunca mais vão embora. Penso que endereçaram minha alma e autenticaram no cartório a mantença do meu corpo. Penso que eles são mesmo, fantasmas meus. E de espectros, vou vivendo. E de recusas, vou morrendo. As máscaras não funcionam mais. Os olhos piscam mórbidos. Os lábios secos jazem sem cor. As mãos frias e paradas, não alcançam a porta do labirinto. Sempre descubro, sempre renovo a aprendizagem: Há beleza na dor!
Eu via que o mar me nascia dos dedos que se espreguiçavam nas lágrimas minhas. Eu via palavras voando num universo paralelo, em outra esfera sem nome. Para cada lado que me volto, meus pensamentos me atordoam, meus pensamentos me invadem num barulho estridente de tic-tac, tic-tac. Se eu tivesse um baú, trancaria meus medos. Se eu tivesse uma oportunidade mataria meus fantasmas. Eles me apertam a alma, escavam feridas abertas, confundem-me ante ao espelho. Meus hectoplasmas me fazem querer fugir de mim. Meus fantasmas hectoplásmicos, não fujam de mim! Talvez nesse edifício que sou, vocês possam ser o sustentáculo. Talvez vocês sejam a única verdade palpável, apesar de me aparecerem sempre como fumaça trépida. Minhas imagens distorcidas, com cheiros, tonalidades, prazer, dor, fotografias de vento. Vocês fizeram este rosto pálido e este sorriso largo.
Rasguei minha camisa, porque teus jeitos ainda estão impregnados em mim. Inútil foi. Vocês são minha pele, meu prazer. Vocês são minhas contradições, eterno fazer poético. Fantasmas meus, não me abandonem. Meus pés estão cansados. Quem me leva? Meus fantasmas.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Dos caminhos, dos versos soltos, dos posts duplos
Dry Neres




Oh minha terra de sabores
Oh poetas de almas longas
Quantas vidas de vagas leves
Nos lugares por onde aviltas


Teus sussurros, gargantas roxas
Meus poemas são livros teus
Meus Drummonds que nas noites lentas
Me aparecem como o teu adeus

Dissabores, meu terno abraço
A poesia este eterno laço
A palavra que envolve, bebe

Oh terra minha, esse vento reza
O abafado som que faz os olhos teus
De tudo que levo, a saudade é a mala...
mola, matriz, canto inspirador...
Sorriso teu.




O sorriso dela, verborragia

Nada prosaico
Muito predicativo
Pouco poeticossintetizador
Exacerbadamente verborrágico
Demasiado a devanear

Uma janela, um caminho
Psiu! Ninguém pode escutar
Um passo, um grito
Ahh!! O medo me invadiu
Preciso ficar

Nada prefixal
Muitos paradoxos
Pouco silêncio
Exacerbadamente dramático
Demasiado fingidor

O meu andar, meus caros
É cheio de mácula
O meu sorriso, amigos
É cheio de dor

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O momento mais triste
Dry Neres



Ter que ver minha pele a se abrir

E de dentro, sair o corpo seu

Cheio de cores e notas

Cheio de amor e dor

Triste mesmo foi ver saindo

O que nunca me habitou

Lágrima em forma de sorrir

Você, que virou nuvem, oh amor meu!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Diga sim pra mim!
Dry Neres

Diz que quer abraçar o sol junto ao meu corpo. Ou simplesmente diz que quer me abraçar. Sua voz ao telefone me faz querer ultrapassar todos os fios, todos os elétrons da comunicação ofegante, da respiração cintilante. Diz que sim. Que eu te faço bem. Que eu sou a Dona dos teus "ais". Teu cais, teu porto, teu carro desgovernado. Sua pele ainda insiste em acariciar a minha. E as aves do céu me lembram teu pousar. E o teu canto não me sai da pele. Confesso! Já tentei lavá-lo com outras vozes, com outros cantos, com outros instrumentos. Confesso novamente... nada saiu de mim. Reclamo com o universo, grito com o tempo. Maldito seja o tempo! Maldita seja a ausência tua em mim. Que algo bendito te traga, para que minha alma assim repouse, durma em você. Que você durma em mim, por mais trezentos mil anos ou somente por um luar. Diga sim pra mim! Dê ordens à minha dor. Diga a ela que saia rapidamente, porque agora é o jeito teu que irá me invadir. Dê ordens ao meu coração. Diga a ele que te acompanhe. Que não se perca de você. Ordene que minha poesia seja tua. Reclame do meu assombro. Me beije quando eu menos esperar. Me queira quando de meias eu estiver. Briga com a distância que insiste em nos perturbar. Diz sim pra mim? Diz Sim... porque o meu Não está mais que preparado!

NÃO, não saia da minha vida nunca mais!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Os SEM textos
Dry Neres




Parece que foi ontem. Ainda lembro-me do primeiro, VAZIO que saiu de mim há exatamente 176 dias. Desafiei a própria idéia que eu tinha de mim... e busquei máscaras ou MASK, como preferir. ELA me surgiu de forma inusitada. Minha produção poética cresceu exarcebadamente após tal aparição. Entre BUTTERFLY, descobri indecifráveis PLANETÁRIOS em que suas paredes traziam como escritura: SUGA-ME! Sinto cada fibra vibrar de forma peculiar quando me recordo do instante em que minhas mãos choraram ao escrever com tanta ternura "PEQUENA" CAROL. Deliciei-me ao som de Los Hermanos em sua CASA PRÉ-FABRICADA e soube através de LEMBRANÇAS trazer A DOR E O BEIJO DA ALMA que tiravam meu sono. Com o TOQUE SUAVE das tuas mãos, aprendi a ouvir o principal órgão do meu corpo: O CORAÇÃO. Entre tantas letras, entre tantas palavras e inquietações, marquei um ENCONTRO com MINH'ALMA. E a surpresa foi tanta que até Gabriel O Pensador, deu seus ares de graça com ASTRONAUTA. Em meio a tantos esses SENTIMENTOS MEUS, percebi sutilmente que A PALAVRA tomava conta de todo o meu ser. Que sem ela eu não saberia balbuciar no escuro, os escritos que me levariam a sorrir em forma de CARTA AOS MEUS AMIGOS.

Ganhei sabedoria incomensurável ao ver a GUERRA GELADA, que muitos Joãos, Marias, Gustavos, Patrícias, travam todos os dias... dentro... fora de si! SONHO com cada instante mágico em que a DESPEDIDA possa se reverter em retorno. E o que me inclina a SORRIR são os DEVANEIOS NUM GUARDANAPO que volta e meia me pego a escrever. Diariamente as MÁQUINAS me convidam para ser partícipe de toda sua configuração assustadora. Ousaram até me questionar, com toda sua frieza: AFINAL, OS ANJOS EXISTEM? Fiquei perplexa logo, com essa HOSTIL DIFERENÇA e resolvi me enclausurar no que edifiquei afim de me livrar de todas as loucuras do mundo moderno. Lá, na minha FÁBRICA DO PENSAMENTO, descobri que meu corpo pode ser mais leve, leve como pluma... com A DANÇA das ÁGUAS VIVAS Claricianas. E a cada segundo que me permitia ficar na minha fábrica, na nossa fábrica, pensava nas METADES minhas que haviam ficado perdidas durante todo o percurso. Minha FLOR DE LIS, me lembrou que A LÍNGUA É O QUE NOS UNE. Disse que eu não me preocupasse, porque afinal ainda existem ALMAS CÁLIDAS. Nessa viagem que me permito fazer, desafiando minha memória poética, desafiando os recôncavos dos mistérios das criações que exalam como perfume Celeste, digo-vos COM CARINHO que nada mais sou do que PEREGRINO, em busca do Amor, em busca do SER "ONOMATOPÁICO".

Não me importo com a lonjura ou extensão de cada palavra dessa. Sem elas, eu não seria o que sou hoje. Em JULHO, CODINOME EU!... Pude sentir o vento que sabia revolver sutilmente cada poro da pele minha, anunciando que DESCOBRI QUE ANJO TEM NOME: MEIRELES. Em cada descoberta... um susto! A PARTE FINAL DE CADA EXTREMIDADE SUPERIOR, me fez chegar à REFLEXÃO que nesse mundo as coisas tão mais lindas, são as que se repousam no INDIZÍVEL. EU ACHO que DURMO ALI NO MEIO -nos- RESPINGOS DO TEMPO, no LIVRO DO ESQUECIMENTO, nas RE-LEITURAS - que faço da - MEIRELES. E sei, aprendi a ler mais que o nome: E O NOME DELA É CECÍLIA!... Hoje digo com convicção! Ser ARQUITETO DE MIM MESMO, me fez perceber que posso ser maior, mais alto... que posso alçar vôos como gaivotas e reconhecer que O MUNDO PEDE PAZ.

Paz essa, que podemos encontrar, nos traduzindo... escrevendo! Em 146 CARACTERES, quis expressar todo o meu amor, toda a minha canção a um ser que despertou em mim os mais sublimes sentimentos. Segredo: Isso ainda mora aqui... Mas hoje descansa em paz, leve! Em cada ESCOLHA, soube dizer com mais firmeza que o CODINOME, AMOR deveria estar sempre assim, perto de onde podemos tocar IN MEMORIAN nos corações dos NA-MORADOS. O DESTINO, inerte à escolha, me ensinou que as coisas são ASSIM, fora do controle do que planejamos ser. Somos como VIAJANTES, perpassando as fronteiras do TEMPO, procurando LIBERDADE e O SILÊNCIO. Surpresa maior, foi descobrir meu tom MEMORIALISTA, que volta e meia, em meias voltas, me inclinava a ficar FORA DE ÓRBITA, AQUI, O QUÊ, ALÉM.

Além de mim, de Outrem. AS FLORES QUE BEIJAM MEU ROSTO em cada manhã, me trazem novamente o SILÊNCIO II que preciso encontrar meio às multidões. Porque esse me explica tudo DO QUE EU PRECISO SABER, e em constante VIAGEM, descubro de forma um tanto dolorida, que tudo é EFÊMERO. Sigo assim RECONTANDO DA VIDA e ELAS - A LUA E A MENINA voltam a me aparecer. Em outros rostos, em outros formatos, em outro alcance. Decidi que EU VOU TOCAR A LUA e pra isso, preciso me livrar DOS SOLDADOS QUE DANÇAM EM MIM e de alguns SENTIMENTOS QUE NASCEM. Preciso aprender mais com O MENINO DO PATINETE e deixar ser banhada pela TERRA ONDE CANTA MEU SABIÁ. Quero passar mais tardes com JOÃO, O PALHAÇO e sentir-me protegida assim, pelo BERÇO DO MEU FASCÍNIO. Quero FOTOGRAFAR minha inquietação com o ato de escrever e contar pra todos, que tenho UM SEGREDO, UMA RESPOSTA.

Com os SUSSURROS - DO VENTO, vejo-me À FLOR DA PELE EM CONFISSÕES DESORDENADAS. Vejo-me INCONTROLÁVEL, vejo que ainda não aprendi a beijar o que tanto preciso: O Amor! Na BATALHA NOSSA DE TODOS OS DIAS, continuo com o desejo de ser MAIOR, MAIS ALTO e CAMINHANDO, pretendo descobrir o MEU SEGREDO maior. Porque sim, eu sei que TALVEZ AINDA SEJA amor o que eu sinto por você, sei também que em meio a tantos VÔOS perpassando até pelo DIA EM QUE DEUS DERRUBOU A CAIXA DE TINTAS e a minha curiosidade em saber se é tudo isso FALSO OU VERDADEIRO, me perco, me deixo com a MINHA FEBRE, na DIALÉTICA DA DOR que quis enclausurar com a ausência tua. Mas sei que preciso de uma cama para dormir. E isso SERIA COMO DORMIR NO COLO DO TEMPO, e conseguir ver através DO GLOBO OCULAR que o grande ESPETÁCULO é o que NÃO APRENDI A DIZER, acerca DO VERBO AMAR. E desafio-te: DECIFRA-ME! Decifra-me para que eu possa compreender O QUE ENTENDEM POR AMOR...

Chego, chego quase SEM fôlego, no que me veio em forma de sussurro, ousadamente. O que balbuciei como sendo OS SEM TEXTOS. Cem textos em 176 dias. Sem textos porque descobri que nada sei. Sou uma "des-Textada". Preciso de mais, mais e mais. Esse é meu alimento, esse é o meu motor. Esse é o meu cansaço, minha dor e meu sorriso maior. Amo a palavra, amo a cena, amo o instante mágico em que os dedos se descompassam e atravessam folhas e comem lápis e deitam em mim, assim... como tatuagem, roupagem, espelho. Chego, chego quase SEM fôlego aos meus SEM de cem TEXTOS. Respiro você, respiro o que pensas agora... Decifra-me, agora!

-Agradeço de coração a todos vocês... Que amam a palavra... que a elevam... que dançam comigo nessa corda que é a escrita, na dor de saber se nossos próprios olhos se agradarão, se as almas de outras pessoas se alimentarão. Em especial: Rinnaldo Alves, Bianca Alves, Kátia de Carli, Anderson Meireles, Mauro Rocha, Ana Diniz, Gerlane Melo, Cris Fontes, Martha Thorman, Amanda Manfredini, Su... Marias, Joãos, Zés, Jorges, Anas!

Meus beijos.

Sinceramente,

Drielly Neres - Outubro/2008

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O que entendem por Amor
Dry Neres




O que entendem por Amor, meus caros?
Seria vontade de abraçar o mundo?
Seria um abraço com uma arma apontada para os punhos, cabeças?
Amar é invadir todo o Eu do outro?
Ou apenas, invadir residências?
Demonstrar amor talvez fosse um seqüestro ao coração.
Demonstrar amor talvez fosse seqüestro da alma e corpo, com morte no final.
Seria Amor ou Doença?
Ninguém tem as chaves do que chamamos hoje de Eu... Ninguém pode querer encarcerar sentimentos no coração de Outrem. A doença foi diagnosticada. A doença se chama Posse. Esta já soube fazer mal a milhares e milhares desde a existência do primeiro Ser. Esta se encontra em muitos lares, aqui, acolá... dentro dos flashes dos jornais ou não. Dentro dos fios telefônicos e das emissoras ou somente dentro dos lares humildes dos que não conhecem luz, nem televisão.
O amor é maior. O amor é mais alto. Não posso chamar de amor, algo que faz mal, algo que alimenta tanto que causa indigestão. Tenho medo, tenho medo sobre o que entendem por Ele... por Amor!
Sinto muito pelo desfecho triste que houve com o caso da moça de Santo André... dos desfechos trágicos que acontecem todos os dias, com os que ainda ousam nomear, dar predicados errôneos a sentimentos tão sublimes. Que a alma da que se foi possa se tornar leve... bem leve. Que o corpo da que fica, possa ser confortado. Mas já é sabido que esta tem uma alma do tamanho do mundo. Soube mais que predicar... soube viver o que chamamos de Amizade. E que ao que quis seqüestrar almas e corações... que a Justiça Divina se encarregue de cuidá-lo para que possa ser alguém melhor. Sinceramente, Drielly Neres. Outubro/2008.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Decifra-me
Dry Neres




COMO PAPIRO PRESO NA GARRAFA, ME FAÇO. Vou encolhida para que ainda me sobre espaço. Vou de meias porque a noite pode fazer frio intenso. Vou de carona, porque perdi identidade. Como astronauta marinho, me deixo. Vou de calças longas, não quero me molhar. Vou com as mãos nos joelhos, preciso pensar. Com tampa, proteção, sentada... sigo a minha viagem. Preciso de atenção, preciso só de coragem. Pensei em deixar isso como história em quadrinhos. Descobri tristemente, que não caibo nas páginas grandes dos livros. Sou personagem que invento a cada hora, mas sobretudo, sou humana só de passagem. Tenho várias caras, vários mitos, vários gritos. Eu não caibo nas literaturas. Sou personagem dos livros de Hamlet, sou o vento que perpassa teu corpo cintilante, fugaz.


COMO PAPIRO PRESO NA GARRAFA, ME FAÇO. Quisera descobrir os mistérios que rondam minha breve existência. Quisera saber do aqui, do além. Os remédios não me dão mais alívio. As músicas parecem sugar-me para um túnel, desse mar. Como astronauta marinho, me protejo. Quem sabe nas ilhas do Alentejo, quem sabe fico nas águas a afundar.
Penso que não sei nada sobre mim. Digo que meus auto-retratos são fiéis. Como medir fidelidade em mãos que escrevem dores que não se sente? Como medir fidelidade em mãos que deixam de escrever seus reais desamores, dissabores? Eu me mostro demais. Sou teu livro vivo, a dona dos teus "ais"! E de suspiros ofegantes morre meu coração, porque nessa vida-passagem, pareço não me encontrar. Caminhos confusos, respostas que vem e vão... em vão!

COMO PAPIRO PRESO NA GARRAFA, ME FAÇO. Quem sabe nas ondas do mar, eu veja minha sorte. Quem sabe eu vá habitar o mesmo lugar onde mora a Dona Morte. Talvez a melancolia seja só esforço para parecer triste. Na verdade, sorrio por dentro. Tenho a alma por vezes, exorbitante. Sei que nessa garrafa que vagueia, encontrarei trilha, roupagem. Quero que os ventos soprem cada vez mais pra longe. É no inabitável que me surgem as mais belas canções. É no inabitável que minha voz ecoa mais fortemente em mim. Consigo ouvir as fibras que se movimentam em meus músculos. Consigo ouvir a voz branda que emana do diálogo que faço com meu Eu... na dialética. Me decifre. Ou não me decifre. Me transforme em quadro. Eis que o meu mistério é
estar assim... pairando entre o que não sei, entre o que você acha que sabe de mim... entre o meu verdadeiro Eu. Decifra-me, não.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Do verbo Amar
Dry Neres




Arquitetonicamente projetado, este verbo veio conosco em nossa fabricação. Sei balbuciar, mas a conjugação me foge ao alcance dos dedos inquietos. Me entrego às ondas do mar, me deito onde o céu faz habitação na esperança de ser sugada pela força do amor verdadeiro, arrebatador, sem definição. Cansei de dar nomes aos meus amores que não sabem que são meus. Cansei de derramar canções aos pés dos que não sabem guardá-las.

Minuciosamente divago, passeio em vários mundos, várias peles, vários cheiros, vários... Desperto paixões, sou acometida por encantamentos que me vêm por meio dos mais indescritíveis sorrisos doces. Aprecio o enlace que minha alma realiza com os corpos que me dançam freqüentemente. Eu sei que não preciso de vários mundos. Só quero um. Só me faria feliz plenamente, o que tem você, mas o nosso mundo parece viajar no espaço. De nau, virou nave! De porto, virei miragem.

Ainda reparo nos teus jeitos quando tenho a chave para adentrar em teus pensamentos. Teus jeitos, teus cheiros. O teu sorrir é algo que me alimenta, acalma. A sua liberdade me assusta e me convida para morar em você. Mas não é de verdade. É idealização. Desenho. Escrita. Quero uma literatura viva. Quero peles que saibam se desgrudar das paredes e ganhar cor nos olhos teus.

Rezo-te ainda! Guardo os e-mails, os beijos, os nãos, as horas, as fotos, os textos, as mãos. Rezo-te ainda! Porque pareço ter mordido enquanto beijava-te e pareço ter arrancado um pedaço teu que mora aqui do lado esquerdo. Essa parte tua, grita todas as noites. Gela minha alma. Abraça-me em silêncio. Faz-me tremer quando despercebida estou e ela pulsa nos meus órgãos internos. Estremeço. Meu leito. Meu amor que dorme agora. Meus afagos são seus, em memória. Desenho-te só para te sorrir nos dias em que recordo dos dois sóis que me apareceram após a noite em que minha alma beijou a lua que minguava austera no céu lilás.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Do que não aprendi a dizer
Dry Neres



Caminhos vários - Pensamentos soltos

A teoria dos iguais - O preconceito dos diferentes

Um peregrino a caminhar - Entre pedras, lá...

Não sei, não sei! - Eu procuro abraços desconhecidos

Ainda espero amores antigos - Entre tantos

Procuro só um ser - Me procuro ali no meio

Espero que você me ache - Entre o amarelo e o singular

Espero que eu saiba - Do que não aprendi a dizer

Mesmo sem saber - Ouso porque sinto

Ouso porque quero - E tudo que quero

Se traduz em quatro letras - V-O-C-Ê!

Você que não sei o nome - Nem a cor dos olhos

Você que nem sei se existe - Ou se só habita meus sonhos

Você que no meio de tanta gente - Me chama a atenção

Eu que te espero nesse barco sem velas - Em desalento e solidão

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O espetáculo
Dry Neres




-Acrescentarás versos de ilusionismo aos olhos dos que desejarem atravessar tua alma. É o que a incessante voz do meu inconsciente talvez mais sábio, tem me dito desde tempos imemoriais. No meu palco... danço, escrevo, vejo, minto, canto... espero! Espero que um dia eu possa saber descer as escadas sem ficar tonta, confusa, desequilibrada. Eu ensaio todos os dias na frente do mesmo espelho a minha verdadeira desconstrução. Eu escrevo uma história que nunca será possível ser vivida. Acrescento pessoas ao meu âmbito sentimental e, sobretudo, sinto falta singular de cada uma quando as nuvens chamam-nas para algum outro lugar longe do alcance dos meus pensamentos. A cada espetáculo, vejo sorrisos e alfinetes arremessados em minha face. Às vezes, penso até ser uma espécie mais moderna de acupuntura adverbial. Sei que os julgamentos são muitos. E quanto aos meus julgamentos sobre meus atos, posso escrever um livro. A minha ingratidão junto aos elementos desse mundo é tamanha, que volta e meia me esqueço de alimentar os pássaros que pousam nos meus olhos, esqueço-me de deixar cair doces para as formigas, esqueço que a existência é um breve pulsar, um instante mágico de bater de asas e de sorrisos de criança.
Lembro-me com clareza dos meus primeiros teatros... quando menor, gostava de fingir que sabia compreender todo o mundo e fingir que a distância entre os vários mundos era mínima. Quanta nostalgia, quanta saudade sinto daqueles momentos inatingíveis e mais sublimes! Hoje, só sei contar degrau, enquanto na verdade deveria esquecê-los. Nesse espetáculo, posso ser quem eu quiser... ave, vento, céu ou solidão. O problema vai ser depois de algum tempo, reconhecer minha face nas águas limpas de alguma nascente que hei de encontrar pelos caminhos de Dubai ou pela Pasárgada. O difícil mesmo é saber fazer alguém sorrir, quando seu desejo é dizer: - Me abraça. Só me deixa chorar! E os meus fingimentos continuam. Eu não sinto dor, mas sinto necessidade exorbitante e um tanto transitória de cantar que sinto. Na verdade, minha alma repousa nos sentimentos bons e não saber onde estou me dá a sensação de linha solta ao vento. Eu quero voltar. Mas pra onde?
E se não puder ser mais você... seja assim mesmo!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Do globo ocular
Dry Neres



"Penso que não cegámos, penso que estamos cegos. Cegos que vêem. Cegos que vendo, não vêem"! - Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago.

Penso nos vultos e nas mãos que não sabiam onde tocar. Penso no sorriso teu que a memória conseguiu capturar. Não preciso do seu nome, sua descrição, nem de foto sua. Eu te conheço sem ao menos ter contemplado tua face. Eu te reconheço pelo perfume que exala da alma tua. Passei uns dias preso ao véu do entendimento profundo e percebi que a minha visão é tão superficial, rasa. Caminhei descalça sobre os escombros da crueldade humana, sobre a falta de condescendência dos seres dessa terra. E nos gritos das mulheres, percebia o choro das crianças. Os instintos se afloraram e o Naturalismo então ressurgiu. O lado animalesco do homem nunca me falou tão alto. Não se importam em perder suas intimidades, não se importam em conviver com seus dejetos, não se comovem com a fome do homem que mora ao seu lado. Na verdade entendem bem o sentido dos verbos importar e comover, todavia suas forças parecem estar num andar de cima onde não alcançam. Fingem esquecer-se de tudo que um dia aprenderam como certo. A busca pela humanização grita. E pra isso, é preciso mais que olhar. Penso que nos olhos é o lugar onde habita a alma dos homens. Mas e se perdemos os olhos? E se a cegueira nos tomar? A alma terá de se alojar em outro órgão, em outra casa. Somos todos cegos. Não reparamos o sinal avermelhado, nem as faixas que mais parecem zebras pintadas na capa negra do asfalto. Somos todos cegos. O sol nos anuncia todos os dias a renovação e só conseguimos visualizar na chuva, um vão. E só conseguimos identificar alguém pela cor, ou raça, alguma definição. Somos todos cegos... de alma, de mãos que insistem em tocar só o que se vê, de vozes que insistem em vociferar o que é preferível sentir, de cores que não aprendemos a definir. Somos todos cegos que pensam que vêem, mas que a calçada continua sendo um obstáculo, um muro. Queria dizer mais, mas a cegueira me tomou o falar.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Seria como dormir no colo do tempo
Dry neres






Quantas vezes já te pedi um abraço?
Quantas vezes já te contei do meu cansaço?
Meu corpo pede calma...
Minha mente desafia a alma!



Tô com cara de doente... Fico a imaginar onde se perdeu minha imagem reluzente com ares de epopéia dantesca. Minha pele queria sol que a queimasse, mas só encontra condicionado o ar que gela toda vez que entro nessa sala. Meus olhos queriam óculos escuros ao se cruzarem com os raios do mesmo sol, mas só encontram lente sem cor ao se sentarem nessa sala gelada, com máquinas frias e idéias refrigeradas. Se eu finjo minhas dores, ninguém acredita. Se eu conto dos meus amores, muitos duvidam. Eu não caibo na idade que tenho. Minhas roupas estão pequenas pro tamanho da alma minha que cresce, cresce... num movimento breve e sutil de abre e fecha, de abre e fecha de olhos que envelhecem. E se eu escrevo... por vezes volto dez anos, outrora avanço cem. E se no tempo eu encontrasse paternidade, desejaria pedir com ares de criança que busca o leito, que ele me deixasse dormir. Pediria sem medo ou receio que ele me deixasse ficar em mim. Arrancaria de seus lábios pitorescos um "Sim" quando minhas mãos pedissem para ele me deixar descansar. O burburinho ofegante dos ponteiros me assustam enquanto acordada me deixo. Mas se eu dormisse no senhor de todas as coisas, envelheceria com certeza, mas seria tudo mais calmo, mais leve. E no acordar eu encontraria alguém que soube repousar naquilo que as filosofias todas aconselham: Repouse no tempo! Faça dele seu colo! Durma nele, mesmo que acordada. Seria como dormir no colo do tempo e ele me diria: Eu sou a resposta aos teus abraços perdidos e paro o ponteiro para que você veja o sol nascer oito vezes ao dia, viajando noutros mundos onde atravessar pontes se traduz no meu maior sorriso. E aí me pergunto: O Tempo não poderia também ser Deus?

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A dialética da dor
Dry Neres



"Tudo é dor
e toda dor
vem do desejo
de não sentirmos
dor". - Legião Urbana

Penso no homem como uma eterna ferida aberta. Como uma cicatriz de questionamento existencial sempre em carne viva. E antes da existência... O que existia? Acredito infinitamente que o amor já era nascido. Talvez seja uma das únicas certezas de que permito-me ter gravado em meu peito: a de que o amor não tem datada idade de nascimento, por existir desde tempos imemoriais e de que a dor é fruto dessa existência que nos cerca. Nunca couberam, (o amor e a dor), em nenhuma literatura Florbeliana, Ceciliana, Machadiana, Freudiana... Por mais intimidade que chegaram a ter para lidar com eles, ninguém nunca soube esculpir sua verdadeira face. Acredito que por ser algo tão divino, tão sagrado que não é permitido à mão do homem traduzir. Penso que na filosofia, nem o Platonismo, nem as figuras Dantescas, conseguiram racionalizar o que o homem ousou chamar de amor. Poderia ter outros nomes, como loucura, como sol, como doce, leve... mas o homem insistiu em chamar de amor. E aí vejo sabedoria.
No mesmo compasso, quando o homem nasceu, veio com ele um órgão não incluso nos estudos do corpo humano: a dor. Sim, chamaria de órgão, porque tudo que mora dentro de mim, passa a ser parte de um todo do que chamo de Eu. Muitas vezes a dor funciona como estímulo contra a não acomodação. Por vezes, ela funciona como sepulcro do que um dia chamaram de vida. Do que sei e posso falar substancialmente é que o motor da existência humana se baseia nela. E é um exercício interessante ver cores, belas canções, belas lágrimas, no espelho que reflete o que sentimos e que nos causa inquietação, desespero, esmagamento interno. Quando penso em esmagamento gosto da figura que meu inconsciente constrói, de uma mão arrancando pálpebras e olhos.
Existe sim a dialética, a própria contradição em ser correspondido e se encontrar no Outro e entre amar quem não nos ama. E às vezes, funciona com o amor, a pintura de ser mais bonito, mais vivo, mais... mais tinto, um amor quando se sofre. Quando se quer alcançar aquilo que disseram que você não pode tocar. A dor nos permite curar nossas doenças. A dor nos sopra canções dentro de mares onde não conseguimos visualizar o fim. Ah, a dor... é parente de primeiríssimo grau do bem ou mal amado amor.
E a essa dialética só devo agradecimentos, porque de toda a literatura que penso que sou, tenho esses papéis vivos, essas tatuagens que são irmãs e eternas. Do lado esquerdo o amor, do lado direito a dor. Volta e meia se beijam, volta e meia se deitam na dança interminável do que chamamos de ato de respirar.
* Dedico este texto a um Ser que o perfume é de poesia. Que o abraço me transporta desse lugar comum e me faz habitar reinos inatingíveis. Que o sorriso consegue ter a luz do sol, mesmo que nas noites frias de neblina. Para aquele de quem eu ouvi palavras que me fizeram caminhar para a área educacional, porque ele ama o que faz, porque ele come literatura e música e amor: RINNALDO ALVES em sua Brasilidade indiscutível me encanta, me fascina! Um beijo, meu carequinha! *;*