quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Iuncti per semper
Dry Neres



Estranho-me. Ainda é estrangeiro em mim o sentimento de amar alguém tão integralmente. As canções mais lindas, desde o dia em que pedi por sua existência, estão registradas numa espécie de arqueólogo musical e dia ou outro, recolho-me nelas. O mundo só se fez mundo, após o dia em que meu pedido foi-me dado. O ato de esfregar os olhos e pensar se acordada me encontro, tem sido constante desde o seu primeiro sim. Desde que seu coração se abriu e você rendeu-se à minha devoção tão Machadiana. 

Já não sei mais pensar em poesia sem deixar correr aos olhos lágrimas tão minhas da felicidade tão nossa. Existe um casamento bem maior do que o que os reles mortais estabeleceram para si, em nós. Existem - Promessas. Segredos. Existe a necessidade. Tornam-me físicos, os desajeitamentos da alma inquieta quando preciso pegar as chaves do carro, vestir-me, acordar-me - não nesta ordem - mas é assim quando preciso por força de maior motivo deixar que tua silhueta more sozinha nos lençóis molhados dos líquidos que emanam de nós. 

E em cada hora dos segundos dos meus dias, permanece a memória dos teus beijos. É inadmissível pensar em não pensar no toque do seu corpo. No ruflar dos lábios que se misturam bem com o toque das mãos mais doces que os meus poros puderam conhecer. Depois de você, eu só penso em você. Não tenho desejo de países vizinhos, porque sou patriota em teu país-estado da minha fé no amor. 

Preparei-me em cada letra para dizer-te tudo em que meus dedos devoravam-me. E doutra vez, surrada fui pela verdade das palavras que não me deixam preparar, arquitetar, lantejoular acerca do indizível. E o indizível é o amor. Escrevo-te assim, despreparadamente, todavia no clímax da paixão que senti hoje mais. Apaixonei-me. Verdade. Apaixonei-me por outra. Outra face tua. Outra beleza tua, porque a cada dia  descubro riquezas em você, escavo como descobridora de mares e povos. Existe mais beleza em você que o infinito e todo o universo que meus olhos contemplam. 

Por trás das palavras, existe uma trilha sonora de beijos e falas e medos e voltas e linhas e silêncios. Por trás e por dentro aqui em nós, existe mais do que as palavras conseguem abrigar. Hoje e por mais os noventa e nove anos, pelos quais me jurou amor, renovo minha devoção que por uns dias andou-se perdida entre as faiscas dos relevos das paisagens que não me eram muito ensolaradas. Renovo minha devoção. Fiz-te novamente o altar. Lancei-me nua nas águas de mares invisíveis que ainda se tornarão reais para nós. Revesti-me da pureza e do romantismo aos quais sentia-me a ausência. Limpei as lentes das pálpebras que abrigavam fotografias suas. Estavam mal encaixadas, nubladas. Enxergo novamente. E tenho fé novamente - no milagre do amor - na renovação da alma dos que amam.

E hoje e por mais os noventa e nove anos, quero te lembrar que és a dona dos meus desejos e carinhos e beijos. Que és dona da maior verdade que há em mim - minha poesia. Que és a mais linda de todas as lindezas que um dia conseguiram juntar. Que não há nada mais precioso que sentir o calor desse amor que sopra de ti pra mim, de mim pra ti - como numa rosa dos ventos, como numa estrela que adormece nos braços do sol. E quando acorda, com os olhinhos brilhantes, apenas sorri. Fecha-os novamente. E dorme. E eu na devoção mais absurda, escrevo-te nas paredes mal rebocadas da consciência e dos pulsos. 

Iuncti per semper! Porque em latim ou coreano... eu te amo eu te amo eu te amo eu te amo eu te amo!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Porque estou afogada em romance
Dry Neres





Sinto uma espécie de afogamento de mim na tua ausência. Estou tão acostumada com o teu cheiro, que quando ele me falta, nada mais parece saudável de se respirar. Você se tornou a minha insulina. E eu diabética no doce de amar, derramo-me em vontade de casar minha alma com a tua em pressa. Afobo-me com a ausência do teu sorriso nos olhos quando você está aí e eu aqui sentada. Se eu pudesse passaria umas quarenta horas por dia banhando-me da tua poesia. Eu a amo tanto que é impossível guardar só no raso dos olhos as lágrimas da felicidade que você me trouxe. Talvez eu a ame mais do que a mim mesma. E diante da mihna racionalidade de outrora, surpreendo-me com tal afirmação que emana desses dedos desesperados em poesia. E me soa assim tão verdade quanto o azul das véias - Talvez eu a ame mais do que a mim mesma. 


Por este amor eu não mediria e nem medi esforços até hoje. Eu não conhecia até onde o Ser Humano poderia ir por amor... Porque eu nem mesmo sabia mensurar o real significado de tal afirmação. Mas diante do que vivemos, eu até me arrisco a tropeçar nos significados que meu coração em cavalgamento de emoções faz pulsar. Formigo-me tal como em estado de prazer maior quando lembro do passeio perfeito que seus lábios realizam nas curvas da minha imaginação já tão conhecida por seus desejos.


De mãos dadas com as suas não temo a 'santa inquisição', nem o trilho dos trens, nem a juba do leão. Não temeria a solidão... Porque depois de você a palavra - j u n t o - ganhou trilha sonora. Estar junto a você é o estado que garante a minha própria sobrevivência. Sem você, eu me vejo sem graça. E que graça há no céu à noite senão o brilho teu - oh estrela dos meus dias?


Eu juro a devoção dos meus olhares a ti. Aqui ou em qualquer lugar em que eu esteja... a minha devoção será sempre a mesma. É o mínimo que posso fazer em agradecimento ao cuidado que tens tido com o nosso amor. Conta comigo pra sempre. Casa comigo sem prazo de validade. Namora-me sem ponteiros de relógio. Mergulha comigo... Porque estou afogada em romance. Vem comigo, amor... Sempre! Te amo.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Por estes olhos que a Terra há de comer
Dry Neres




Está pré-anunciado o grande banquete. O grande dia em que a terra há de comer os olhos que levianamente deixaram de olhar por ela.
Eu queria ter a voz estrondosa das marés... O direito ao grito!
Estamos caminhando a lugar nenhum, fazendo coisa nenhuma por nós mesmos. O conceito de humanidade se perdeu.
Os conceitos...
São rarefeitos como o ar que tem nos invadido. A natureza ganha vida. Manifesta-se e reivindica seus direitos há tempos imemoriais já esquecidos.
O que há de ser feito quando a larva feroz dos vulcões e o vento arrebatador dos tsunamis alcançarem suas portas?

domingo, 3 de janeiro de 2010


Inenarrável
Dry Neres





Há em seus olhos toda a verdade e paixão que há vidas e meios meu corpo veloz procurava entre as ninfas e poetisas. És maior e mais que qualquer descrição musical. Meu corpo vestiu-se de carinho, cuidado, verdade, ao tentar dizer dos nossos dias, das nossas vidas, dos seus olhos que sempre desajeitadamente tento descrever.  Questionei-me acerca dos porquês de tanta afinidade infinita e descobri o que seus lábios já me exalavam - Inenarrável este amor!

Somos cúmplices de uma história que já tivera início antes mesmo de nossa percepção. Estávamos prometidas já n'alguma esfera ou cosmos ou século. Talvez já fostes senhora feudal e eu vassala a servir-te em amor e pecado. Talvez já me fósseis como o interminável brilho das estrelas e eu geográfica ou cientista. Sei que nosso encontro é anterior ao nosso próprio ato de existir em terra firme. 

Que teoria elaborar acerca do toque das suas mãos em meu corpo de nudez tão sua? Como descrever os sentimentos da minha alma ao receber o cuidado dos teus dedos e líquidos? Como rimar a dança dos teus negros cabelos em meus seios, ombros, risos? 

 Delicio-me com a literatura que emana dos seus lábios. Encanto-me com a sua desenvoltura ao dizer dos sentimentos teus tão doces meus, de nós. É certo que esse amor tem sido a água e o alimento dos nossos dias e beijos. É o calor dos teus braços que tem sido o repouso do meu sono. 

Amor... Inenarrável. És predicado e verbo e vírgula. Prefixo, cores, infinitos. Hipérbole, metáfora. Meus sentidos literais e aguçados. Léxicos, sinônimo, verdade.