quinta-feira, 1 de maio de 2008

Almas Cálidas - Dry Neres


Calado! Psiu! Aceite esse açoite. Esta é sua sorte, seu destino, seu lugar! Teu lugar infinito, sendo também infinitamente maltratado, pisado, estereotipado. Tua fala não emite som. Só teu sangue pode gritar. Grito! Incontido! Pelos poros de tua pele, reivindicam que uma voz seja ouvida.Tá abafado! Tenho falta de ar...

Será que posso mesmo suportar? Se eu suporto, vou para o céu! Mas por enquanto, este inferno se faz minha morada. Morada incerta. Nunca soube ter casa, nem ser casa de alguém. Moro numa casca; moro na idéia que têm de mim!

Os meus pensamentos vagueiam e anseiam por ar... Malditos senhores! Acaso algum dia vão me recompensar? Ah, vão sim! Daqui a uns 100 anos vão oferecer minha memória como prato de um museu...


- Alceeeeeu!!


Meu senhor me chama. Preciso ir. Me deram um nome! Um homem que tem alma, nome e... E, mais nada! Sou negro, sou escravo, rei e imperador. Isso quem vai determinar são meus sonhos! Se eu ainda os tivesse é claro...

Já volto tá bom? Vou lavar os pés dos meus senhores e ser o animal sacrificado para o jantar dessa noite!
Mas depois vou para o céu, não é mesmo?!

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