sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Caminhando
Dry Neres



Esvaziei as malas das futilidades e assombros que quis guardar. Joguei fora os lenços molhados com os sorrisos assinados que me deram um dia. Corri de meias pela grama molhada e arranquei flores que estavam presas aos meus livros. Soltei as armaduras e foices para que pudesse me sentir mais amigável, mais amável e sinestésica. Caminho devagar porque um dia meus joelhos irão reclamar das vezes que quis correr com os braços amarrados à cabeça. Quero que os elementos da terra me narrem. Hoje o dia está frio, mesmo quando o termômetro marca 37 graus. Hoje o dia está frio, porque seu abraço se perdeu do meu. Hoje o dia frio está, porque não sei mais escrever de dores que ficaram para trás. Reflito no caminho pensamental que farei entre Santiago, Egito, Porto Alegre e Salvador. E sigo... caminhando! Não tenho chicletes, nem Cd's. Perdi o relógio que eu mais gostava, soltei os óculos nas águas quentes e os brincos estão sobre a mesa. Sem ornamentos, sem lantejoulas. Sigo, somente com o lápis na mão.



O que você vê?


Uma mulher com a face em prantos?

Um golfinho a navegar no mar?

Um anjo vestido de mantos?

Um olhar que parece gritar?

O que você vê?

Uma bailarina a rodopiar...

O silêncio que se fez amigo...

O amor que me faz escutar...

Teu sorriso, meu abrigo...

7 comentários:

Erick Macau disse...

retorno a dizer: amei este lugar! seus posts tão líricos
de beleza singela
ou talvez maior
não sendo pueris
mas de carne e cinzas
de verdades e lágrimas.

Não vejo nada q vc disse na imagem,
talvez nada haja nela
a não ser cores
e um artista.

abraços libertários

ps1: dúvida: vc prefere o surreal ou o non sense nos seus escritos?

ps2: como coloco contador de visitas no meu blog?

Anderson Meireles disse...

Pode ser melancolia ou pode ser que eu esteja melhorando como ser humano, mas ultimamente tenho me emocionado mais lendo seus textos.
Mas a vergonha ainda me impede de chorar...
Na imagem vejo uma esperança que vai e uma fé que vem. E a fé é a certeza de coisas que não se vêem e a convicção de fatos que se esperam...continuo esperando, continue esperando,
abraços!
PS: Não vou chateá-la com um longo comentário, rs...

Cadinho RoCo disse...

Vejo na cegueira dos meus pés passos transparentes idos por essa busca silenciosa mas inundada de palavras que pisam na grama molhada.
Cadinho RoCo

Erick Macau disse...

na imagem vejo agora
um cavalo nos meus sonhos a voar
na correria das virgens de baco
e Munch a gritar.
cadê o copo de cerveja?

abraços libertários

Cadinho RoCo disse...

Já voltei.
Cadinho RoCo

~ Marina ~ disse...

Sabe mesmo o que eu vejo? Uma adorável e inteligente escritora do Planalto Central, que adora fazer traquinagens com as palavras e as emoções, tipo...assim...Ih! Dry, você é única!

Beijinhos travessos nesta tua alma travessa.

Anônimo disse...

Vejo sonhos...
Liberdade.
Asas.
Ausência de molduras.
Vejo vida.
Que bom que vejo.
O maior cego é aquele que enxerga, mas não vê.

Beijos intergaláticos...

(Ainda hj, tem novo texto por lá).


Ana