Dry Neres

Eu pensei que sabia fazer do amor meu alimento...
Não, não sei!
Minha dieta não tem sido balanceada de acordo com que os 'nutri-romancistas' diriam ser o certo. Sou exagerada, sou tela vazia, numa constante solidão acompanhada... Tudo muda - as vozes mudam, os corpos ganham novas roupagens, as árvores secam, as lágrimas molham...
E eu permaneço, me desfaço... E o meu coração tem casa vazia mesmo cruzando a Ipiranga e a São João, mesmo nos templos que ousam construir para o amor... Templos falsos, de deuses falsos, de gente que não serve pra ser casa, nem pão de cada dia de gente alguma. O amor não é uma construção. É antes, o contrário. É o caos, é a desconstrução, são os poros abertos. Não há língua, linguagem, filósofo ou poeta que dimensione esse animal indomável.
O amor nos dobra os joelhos, nos faz plebeus, nos faz ateus de nós mesmos, nos faz artigo indefinido, pretérito imperfeito, locução sem advérbio...
Eu acho que o amor é o brilho dos olhos nossos. Talvez o amor seja a grande e eterna busca humana. Que não me ouçam as estrelas, que não me ouça o mar, que me ignore as flores... Mas quisera beber em gole largo a tal essência desse fulano amor e ser egoísta... e tê-lo em tudo e em todo rasgado dentro do meu peito que dói agora em exaspero fugaz.
Queria não precisar ter pernas trêmulas, mãos em frio, copos vazios, camisas com o cheiro teu... Queria não querer antes, precisar de você, mas meus olhos fitam em roer de unhas o som que faz o aparelho de receber ligações tuas e temo e tremo e finjo estar tudo bem escrevendo assim comendo vírgulas períodos que conto num relógio imaginário me testando te testando somente pra saber até quando meu coração e meus lábios aguentam res(PIRAR) sem os líquidos teus e vendo o vento soprar no meu rosto o riso teu de quando desenhamos estrelas em paredes de quando desenhamos estrelas nos nossos corpos em dimensão sem amplidão e eu preciso dizer que amo você e resolvo pontuar para dar: ênfase para que alguém credite esses devaneios frenéticos!
Não queria ser assim como folha.
5 comentários:
Não é preciso pontuar: seus devaneios frenéticos são legítimos.
Gostei muito daqui...
Saudações poéticas.
"numa constante solidão acompanhada..." Forte!! Gostei, mais uma vez sublime.
Bjs!!
Que imagem linda! *
quantas imagens, quantas sensações....minha alma se revira, minha mente pira, meu corpo sacode e vomito: vomito tudo o q sou, todas as minhas emoções. Você entrou no interior humano. mais uma vez voc~e se superou!
parabéns!
Devaneios...quem não os tem?
Lindo poema, impregnado de amor.
Feliz Páscoa.
beijossssss
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