sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Trans-POR barreiras
Dry Neres


Quanto mais te amo, menos sei dizer do que sinto. É como uma barreira que se instala no espaço que separa o coração da máquina de escrever. É como se houvesse ainda nesse espaço visualmente pequeno, uma imensidão de entrelinhas e alfabetos de todas as línguas. São palavras IN-concatenadas. Não permitem a junção morfo-LÓGICA, para que a razão não se atreva a tocar os dedos no que é feito de vermelhos e sorrisos. Somente quem ama, assim como eu te amo, poderia alcançar essas ideias que soam como louCURA. Eu sei que me curei do defeito de expor demais - é mais ou menos assim: é tanto amor, que assim o guardo como uma pérola, que para mim é a única no mundo inteiro, e me recolho em posição fetal quando as palavras pulsam no aparelho fonador. Guardo-as, dentro da caixinha que abriga a pérola, para santificá-las. Para que ninguém as diga em vão; para que não seja profanada a nossa literatura. O meu altar é composto desses segredos tão expostos. O meu altar amor é você. Ajoelho-me. Curvo-me. Revencio-te em adorAÇÃO e DEVOção. Este amor é como oásis no deserto - se eu fingir por alguns momentos que não o tenho - serei então multiplicadamente feliz, pois sou sabedora do conhecimento de que a incansável busca é que nos torna inteiramente vivos. Amo-te assim, cada dia, como se fosse o primeiro e o último. Refresco-me com teus beijos, como se fosse a única fonte de água potável da Terra. Embebedo-me dos teus olhos, como se fossem a única razão e motor da minha existência - e assim, hiperbolicamente são.

Caminhando aos vinte e um meses. Caminhando sempre na cautelosa divisória entre o que é bom e o que não é para nós. Sendo arquitetas do nosso próprio sorriso. Sendo cuidadoras da nossa verdade. Alimentando DES-regradamente o vulcão de sentimentos que mora em nós. São mais que vinte meses. No tempo que não se conta, já é uma vida toda. E como o amor acredita em tudo, inclusive na reencarnação, a gente vai viver todas as vidas possíveis, e o mesmo amor estará em nós - Porque é indiscutível o poder que os seus olhos têm em mim. É ainda mais apaixonante, o domínio que as tuas mãos têm em minhas curvas. É você e só.

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