terça-feira, 31 de agosto de 2010

O HOMEM E A MINA
Dry Neres


O coração não queria me dar trégua. Na garganta o nó de trinta e três. Na sede, a angústia de trinta e três. Na fome, o caos de trinta e três. A vida vista em tubos. A esperança soterrada à setecentos metros. A esperança ainda viva num pedido de casamento. Os olhos que não se alcançam. A escuridão anunciada. Os bravos combatentes da claustrofobia e da saudade. Os sorridentes soldados desnutridos e descamisados. A vida vista em tubos. E o que mais dói saber é que nem precisa estar enclausurado numa mina subterrânea para sentir solidão - porque muitas vezes, a "mina" está dentro de nós. 

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