quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Em Nó-tas
Dry Neres




Até seu vício por café se fez passível de encantamento meu. Dele emanam canções de mistério... Assim, como caminha a criança na noite escura, na floresta fria, nua, assustada. Em notas maiores vejo meu sorriso espalmado em seus lábios. Tão breve como correm as lágrimas, um palco das notas menores se forma no campo central do meu globo ocular. E o que contemplo? O café acabou, mas a inquietação não. Tento te alcançar. Faço força surreal para que minhas mãos atravessem seus órgãos, na tentativa-sorte de tocar seu coração. Desenho-me de forma que nem sou. Não é fingimento. É poesia!

Eu me sinto assim quebrada. Sem muitos nortes, nem oestes... Em todos os setores da minha existência parcial. Sim, existo parcialmente e não deixa de ser tão bom. É como se a insegurança, astuta que é, tivesse vestido meus dedos, tivesse se feito anel-prisão. Que horas são? Que dia é hoje? Qual o seu nome? O que você sente? Não quero pontuação. Não queria precisar de pontuação nem questionamento. Invento situações para entreter meu insignificante ato de pensar tanto no teu jeito.

Não quero mais jogos. Não quero mais beijos, líquidos. Preciso voltar pro meu lugar seguro. Onde existia paz na quentura do inferno interior. Onde havia certeza apesar da dor. Onde amigos brindavam e brincavam. Estavam. De tudo. Presentes! E agora, pra onde foi todo mundo? Pra onde fui? Me deixei...

Notas... É tão você, quando falo de mim. Seu café, seu cigarro, seus anéis, seus cílios, sua cor. Que dia é hoje? Quantas horas são? Onde posso me encontrar? Seu perfume ainda mora na minha boca.

5 comentários:

Katia De Carli disse...

Minha linda Dry
"existia paz"... e isso bastaria à sua alma que anseia por emoções diversas?
Mil vezes chorar, relembrar, sofrer, gritar, urrar pela dor do abandono do que não ter na boca o gosto do último beijo.
Um dia, passada a dor, sobrará o sabor.
beijo e luz

Heduardo Kiesse disse...

pela rara qualidade da tua linguagem eu te admiro - saboreio o texto -


"Invento situações para entreter meu insignificante ato de pensar tanto no teu jeito.Não quero mais jogos. Não quero mais beijos, líquidos. Preciso voltar pro meu lugar seguro. Onde existia paz na quentura do inferno interior"

isso é teu e mesmo que eu estivesse ainda mais distante saberia que é teu - pelo teu estilo empolgante de ser e transportar no papel a palavra sentida!!

sempre a te gostar e adorar, teu beijo fascinado!

João Videira Santos disse...

um texto fluído em sub-textos e em sub-entenderes...

gostei!

Poeta Mauro Rocha disse...

Nota-se que o nó tá na garganta, mas quem canta seus males espanta e tem que haver esperança, pois um dia tudo vira lembrança e a vida se renova a cada momento...

Beijos!!

Anônimo disse...

Acompanha o meu blog, por favor.

L.