quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

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Dry Neres




Ela nunca fora tão feliz assim nem nessa, nem em outras vidas. Morava nos sertões dos seus desejos, e quando lhe perguntavam acerca do amor, dizia: "Vai bem, não sei... vai"! O amor passou por ela inúmeras vezes, mas nunca ousou tocá-la. Ensaiou até poesia, rima, fala, mas ainda não era hora, nem mês. Caminhava na corda bamba da incerteza. Fascinava-se. Apaixonavasse pelo invisível. Imaginava. Pintava a verdadeira face do amor. 
O coração dela estava acostumado a bater forte e, por várias vezes, pensou saber caminhar nos labirintos do sentimento. Sua rotina estava calcada na razão, nos números, no sexo. Abandonou de tudo um pouco, para viver suas fantasias. Ironias. Chorou como rio deságua. Clamou aos céus, dias mais coloridos. Quando acordava dizia: "Que seja eterno enquanto dure"...


HOJE...


Diz: "É-Terno"!

Certa vez duma boca outra ouviu os dizeres: "Não devemos eternizar o amor". E hoje, ela poderia dizer certamente, que ouviu o conselho. Não buscou eternizar o amor. Fez do amor sua eterna razão e loucura. O amor fez dela a sua eternidade. Ah, e como foi bom pra ela ser é-terna do amor. 

Sua face é corada. Seu caminhar mais largo e imponente. Sua humildade, acrescida de elegância. Seus dedos são ornamentados por alianças várias de um amor único. Seus dedos tocam o sexo, romanticamente, ainda como se fosse a primeira vez. Os seus lábios repousam nos lábios de sua amada sem pressa de acordar. E mais ainda - não deseja, nem espera acordar. 

É de olho fechado que encontramos o amor. 

Ela não pisca quando sua amada está ao lado. Capta cada movimento delicado, feminino. Ela alimenta diariamente um altar devotado ao amor. Religiosamente atenta aos sussurros do teu amor. Fez da tua amada, sua água, seu pão, sua poesia, sua profissão. 

Escreve com ternura. Pensa delicadamente em amar cada vez mais. Abraça as palavras com firmeza do que sente. Faz do teu amor, irrefutável. Namora não só com a amada, mas namora dia a dia, a beleza mais incontestável de sua vida - A de ter sua sombra duplicada ao sol e dormir de conchinha em todas as estações de todos esses anos.  

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