sábado, 30 de outubro de 2010

Suavium
Dry Neres




Tenho procurado incessantemente verbos, sujeitos, advérbios, adjetivos, vírgulas, algo que na língua, possa estabelecer aproximação em definir o nosso beijo.  Na verdade, antes disso, encontro-me fascinada com a suavidade dos teus lábios.

Nas paredes do templo de Khajuraho ensaiaram o primeiro beijo da história da humanidade. Na Grécia,  suavium era o beijo dos amantes. Os poetas de Shakespeare a Machado, em suas eloquentes poesias fizeram-nos compreender acerca dos movimentos estéticos e literários que os músculos do corpo realizam quando os enamorados permitem o encontro suavium de seus lábios.

Recordo-me do quanto me era saboroso deliciar-me com seus lábios, antes mesmo de tê-los tocado. Era inédito sempre. Era utópico e "verânico" (termo que me lembra "calor"). Era sagrado. 

Hoje... É poesia, canção, realidade. Hoje... É cotidiano, mas nunca rotina. Continua sendo sagrado, utópico, verânico, inédito. Os teus lábios são os meus altares. Curvo-me diante deles, tal como o servo ao seu senhor. Embriago-me da sutileza dos teus lábios primaveris. 

O teu beijo me traz sempre poesias inaudíveis, em que a sensibilidade dos lábios me ensina a decifrar com o toque das mãos. Suga-me, as palavras; traz-me a inquietação. Ensaia em mim uma viagem a Khajuraho ou a Machado. Faz de mim tua eterna serva e fiel depositária da minha devoção e do meu amor.

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