sexta-feira, 25 de junho de 2010


Olhando-me assim, penso ser romântica
Dry Neres


Em alguns momentos o próprio romântico deixa de reconhecer-se. Ele planeja o absurdo, cria mundos, dá voz à ausência, dá beijos ao vento. A própria romântica pensa estar louca desvairada a pensar na sua amada em todos os momentos que lhe deram a permissão de viver. Mas o romântico às vezes não tem o cuidado de saber quando precisa ainda mais ser namorado, antes, sobretudo, de ser amigo. E a amizade vai se confundindo com a intimidade numa rima nada boa de ler.  A gente se esquece de tirar do plano atmosférico dos pensamentos, todos os nossos desejos, todo o nosso real sentimento, porque pensamos já assim o saber, o amado nosso, pelo o qual até deixaríamos de viver. É um erro brutal, que te prometo meu afago, não mais deixar de lhe remeter. Não serei romântico só de palavras, mas voltarei a empunhar-te flores e a morrer de amores em ti até o amanhecer. Não deixarei de ser romântico nem pelos ‘ais’, nem pelos dias a mais - tantos, ao qual o nosso amor tem caminhado. Não será o tempo ou a intimidade demasiada que me arrastará da maior vontade realizada que tive ao ter-te assim comigo. Não deixarei mais letras serem desperdiçadas, na vontade ardente de serem escritas, pela vontade inexata de deixar passar essas tintas, pelo fato de já ter o conhecimento perfeito do que é o amor meu. Indago-me, oh minha amada, porque assim teria de ser se somos diferentes... Indago-me e torturo-me, oh minha amada, desculpando-me pelo lapso temporal a que me remeti, esquecendo-me de regar o seu jardim. Perdoa-me pelas palavras ditas em escassez, e pelos beijos que o sono não me permitiu dar, ou pelo poema que não quis declamar. Desculpa-me, oh amada, ultra romanticamente, pelos minutos que deixei meus olhos se desviarem do foco do nosso amor, deixando de ouvir os seus desejos, não te deixando falar, oh meu amor. Voltarei a ser assim, romântica a qual conheces-te em tardes ensolaradas primaveris. Serei seu anjo sem asas, serás minha menininha feliz. Esquecerei o seu nome, porque criança minha, serás... de criança minha te chamarei a fim de agradar o teu sorriso. Deixa-me ser tua namorada hoje, novamente... Deixa-me ser tua essa noite, e te matar de amores, e derramar-me em flor e mel a ti, senhora minha: vassala tua serei! Invade o meu reino, captura minha paz, leva contigo o meu sossego. Traz-me a inquietação, guarda contigo meu coração, para que eu não esqueça meu romantismo outra vez. Olhando-me assim... Penso ser romântica!

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