segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010


Cem Juízos
Dry Neres



 Como metaforizar de algo tão... Tão latente! Como é se revoltar diariamente com si próprio? Apaixonar-me-ei novamente por mim, pelo outro! A descrença é algo que lateja, e almeja lugar maior quando se dá uma brecha. Eu não quero deixar de acreditar nas pessoas, no outro, no além. Meus olhos teimosos, perdidos em lembranças do que poderia ter sido. De gentes, camas, fatos que nem sequer existiram (ou não). Reporto-me a postais estrangeiros, em letras vermelhas e caligrafia exuberante. Confundo-me nas letras e nos flashes do mundo. Pareço ter acabado de nascer. E não quero abrir os olhos, porque nas pálpebras só me cabia uma fotografia. E o medo aflige, a ponto de não querer saber o que se quer; e nem querer o meu querer aflorado como se eu fosse adolescente em confissão.

Divago diante da fumaça imaginária de um cigarro que quisera eu ter a ousadia de levar aos lábios. Quem sabe para usá-lo como uma figura imponente. Algo que me descreva; que chegue antes de mim. Tomo em goles o desejo de começar tudo de novo. Com galanteio, paixão, proibições, receios... De forma ou outra, o perigo me submerge. Pareço precisar da sensação de correr em trilhos e saltar de elevações; isso me dá a impressão de que eu tenho o meu próprio controle. Nada sábio, para quem sabe que o que me leva são os impulsos que me são externos. Sinto falta do imprevisível, mesmo sabendo que viver já é incerto.

Talvez o problema consista em saber demais. Quem sabe tanto assim, decerto não tem capacidade para saber de nada. São tantas as teorias que arquiteto acerca da minha existência meteórica... E nenhuma delas me leva onde eu desejaria chegar... Dentre, dentro! Teorias são roupas folgadas que usamos na tentativa de nos refugiarmos! E eu, no auge da minha contradição desejo caminhar nua em direção à ‘Nuelândia’, ou simplesmente andar descalça entre as pedras de uma ribanceira para pegar algum peixe com as mãos. Queria poder viver sem reservas do que eu sinto, sem me preocupar com o externo dos outros; com o que os olhos vão achar de/em mim.

O que ainda me conforta... É você! São os teus carinhos/cuidados. O que me conforta é saber que tenho alguém para passear de mãos entrelaçadas depois do que existe além do arco e do íris.

Um comentário:

Lane SoL disse...

Esse texto é um baiacu inchado. Peixe de nome nada poético, toda vez que eu lhe pego, me fura em lugar diferente. Me vejo, vejo outros, vejo o nada ou os pés correndo nesse trilho, cheio de cascalhos ou vidros, sendo castigados e a sangrar. Gosto de textos que incomodam, mas esse aí me enforca toda vez que eu chego perto. Vou ler até aprender como eu posso dominar ele. Vou espreme-lo até ele bater três vezes no chão.

Abraços, Dry!
Nuvens de inspiração pra você...
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