segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Os cegos do castelo
Dry Neres




Como ousam roubar-nos o amor, meus Senhores? Como ousam fazer soluçar nossos corações tão inundados do vermelho-amor? Imorais são os Senhores! Mal sabem vocês, Senhores de uma verdade inventada, que há pureza inigualável em nossas mãos, em nossos atos. Amamos entre iguais... E o que podem fazer? Matar-nos? Talvez. Mas, nunca poderão roubar-nos de nós!


Porque...


Li Proust, Dostoievski; um diário, poesia. Li a duplicidade dos seres e a invenção do amor. Toda essa literatura me atordoa por ser tão interminável, efusiva. Estou embriagada com o 'intrigamento' que a palavra me causa. Li mentes, países, verbetes franceses encobrindo várias-poucas faces. Escritores que se embebedam do sulco que emana dos lábios densos do amor. Mapeei cartas. Benditas representações humanas. Estive em frenesi exasperado diante da umidade que meu corpo pôde captar de cada expressão lexical. Embriago-me diante da desmistificação do amor. Focaut, Jung... Invoco-os! Deverá o homem sacralizar o amor, ou tão somente, deverá o homem, humanizá-lo. Silencio-me diante da poesia da vida; diante da junção dos corpos dos que se amam em sangue branco e mel divino adocicado. Descortina-se em minha mente romântica a possibilidade de ver o amor, como um caixeiro viajante. E ele entra em mutação. E eu divago nas incertezas que eu julgo ter acerca dele. Sei que amo uma deusa nórdica e ela é real em mim, tal como sei que existo. Basta-me? Tão somente sim! Seguramente, eu a amo como quem tem fome. Ela me ressuscitou! Sinto-me como um rio que não cabe em si. Não há nada de sagrado em mim, exceto ela. E se tua alma desencontrar-se da minha, seria-me então como morrer enquanto vivo. Eu poderia cegar depois de ter amado o teu riso pela primeira vez, porque nada me fora antes tão cheio de cor.


Algum imoral ousaria questionar se então existe amor?

3 comentários:

Poeta Mauro Rocha disse...

"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?"
Já dizia Camões.

Ah!!Desculpa não aparecer tanto mas estou estudando e realmente sem tempo.

Um abraço!!

Anderson Meireles disse...

Se existe amor? Claro que sim. Esse intocável necessário passo-a-passo da vida.
Saudades...

Unknown disse...

Como disse Chaplin"somente aqueles que não são amados odeiam..." que texto maravilhoso, teu amor é real e contagiante...nobre poeta