terça-feira, 24 de novembro de 2009

Eu picharia os muros do mundo 
Dry Neres





Tem dias que dá um nó na garganta e uma vontade desesperadora de gritar aos quatro cantos do mundo o quanto eu amo você. Tem horas, longas horas de longas datas em que as tintas desejam ganhar vida em minhas mãos - desejaria pichar os muros do mundo! Imprimiria em suas telas a arte de amar sem fronteiras, sem reservas. 


Coloco-me a pensar neste dia. Inomeável dia em que as paredes do mundo teriam não só as suas cores perfeitas, mas ainda o teu perfume em cada recôncavo. O teu cheiro de flor faria com que a Terra se aproximasse do Céu. Quão belos são os teus olhos. Quão bela seria a pintura deste ocular globo no cenário das gentes tristes. Tua beleza é canto, cor e movimento que envolve o coração dos que vêm no mundo só desassossego e solidão. És como um anjo moreno e suave. És como estrela, fada ou mar... Se nos muros do mundo n'algum dia eu puder desenhar - minhas letras serão aquelas que talvez você já conheça, porque os dicionários só abrigam cerca de noventa e seis mil entradas lexicais ou ainda cinquenta mil verbetes de elementos mórficos. 

As palavras ainda são repetidas. Não encontraram melhor forma de dizer que se daria a própria vida por alguém; que se passaria fome por outrem; que seria peregrino em todos os mundos para que n'algum lugar pudesse brotar o sorriso teu, do que dizer bem assim, ao ouvido do pé, verso ou vice: 'Amo você, eu'! 'Eu você amo'! 'Você, eu amo'! Não importa a ordem, tampouco a explicação. Amar é: esquecer-se do próprio nome ou endereço. Amar é: não saber de si nem do outro. Beber em goles largos a presença do amor teu. Ousar escrever na tentativa de expandir sentimento este que lhe cresce o coração, que lhe enche os olfatos. 

Mil e uma cartas de amor endereçarei aos teus olhos. Esta é a primeira. Enquanto não conheço o mundo todo... Começarei pichando aqui o muro meu. O muro que havia em volta do meu coração que nem mesmo é Berlim. O muro que caiu e hoje é flor. Começarei pichando na invisibilidade o espaço que hoje é teu e sempre foi. Amar é enlouquecer e ficar Amar-Ela e RosA e VermelhA. Com uma frase tua permito-me descansar as pálpebras e os textos e as unhas:

"E o coração fica aqui pulsando: euteamo-euteamo-euteamo-euteamo"...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Descritivo
Dry Neres




Às 21h45min, sentada nesta cadeira vermelha, com as pernas entrepostas, os cabelos emaranhados. Óculos meia vista. Panturilha dolorida. Língua dormente. Você aí não sei como - se sentada, ou ausente. Se sorrindo ou me amando. Se pisca ou tosse. 


A cor dos olhos sei bem. Negros esverdeados. Cabelos encaracolados. Aquele sorriso desenhado. A alma colorida. Seus sonhos bem alicerçados. Você, integralmente em mim.

Quando ela me abraça - os órgãos, todos eles... se beijam. O ar se comprime nos olhos. Os dedos se movimentam tentando fazer-lhe carícias. A boca deseja invadir os tímpanos. Quando ela me abraça, eu consigo imaginar um mundo sem guerras, sem fome, sem mortes. Ela me traz uma aquarela pintada no sorriso. E o mundo torna-se belo, leve, lindo. E o que vejo são montanhas esverdeadas com a grama fina molhada. Pássaros, muitos, infinitos a cantarolar. Um coro excelso de anjos a nos cobrir de cuidados e caprichos - a nos proteger da 'santa inquisição'.

As 21h55min ela escreve para mim também. Deve mordiscar os dedos. Balançar as pernas na cadeira. Deve sentir o coração explodir de amor. A garganta deve estar arranhando na tentativa de fazer chegar ao teclado toda a vibração vermelha desta paixão de todas as cores e países e verbos e séculos. Atravesso as literaturas neste exato momento e me recordo de tu, minha Capitu. Suas danças e nuanças. Seus mistérios e sentidos. A loucura e a paz que você traz.

Teu amor me silencia. Às 21h59min permaneço num estado de encantamento tão profundo que me perco nas palavras. E você, agora o que faz? Ama-me como te amo? Deseja-me como meu desejo é teu? Neste momento uma lágrima invade... Minha alma, minha vida, minha felicidade. Lágrima de amor. Tu és tão pura que me causa esse turbilhão de sentimentos que vêm embrulhados nessas lágrimas felizes. Se eu pudesse d-escrever mais eu assim o faria. E quem disse que há dicionário que abrigue tanto desejo de fazer alguém feliz?!  Permaneço sentada agora. Mas é como se eu viajasse o mundo inteiro ao lado dela. Consigo crer nas várias possibilidades. Minha fé na vida e na felicidade é indescritível. Sentada, todavia não estática. Ela me movimenta. Ela...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Eu mudaria os oceanos de lugar
Dry Neres




Noite esta ardi em calor febril que nem o vento do aparelho de voar retirou-me a efervecência do corpo. Tive sonhos ardentes de amor. E no clímax do beijo tua voz se intercalou com os meus líquidos. Não descreverei a pergunta tua, mas sim a resposta minha: Eu mudaria os oceanos de lugar!

Toda a minha poesia foi facilmente transmutada ao seu Ser no instante em que seus olhos se cruzaram com os meus mesmo que presos na tela fria do computador ou do fio telefônico que nos uniu de alguma forma. E a minha respiração começou a apresentar sons parecidos com o teu nome. E eu já sentia vontade de vestir os meus dedos com alianças nossas. Facilmente, por você, eu mudaria os oceanos de lugar.

E se me fosse pedido, construiria uma nova arca de algum Noé e reuniria todos as cores desta Terra, toda a música, todo o perfume e fundaria um país só nosso. Comeria livros e mais livros de poesia até me sentir suficientemente poética para ousar balbuciar em teu ouvido minhas juras de céu e amor. 

Amor meu, concede-me a dádiva de enlaçar minhas pernas nas suas por mais longas datas e séculos. Não há nada mais suave do que ter meu corpo abraçado pelo teu. Sinto-me a mulher mais amada e desejada do mundo inteiro. Sinto-me sim, inteiramente mulher!  Eu amo cada detalhe seu. As suas cores e vozes e verbos completos. Amo sobretudo, a inquietação que me você me provoca. Amo a vontade que você me dá de ser o melhor em você, em mim. Não mudaria somente os oceanos de lugar... Eu aceitaria todo o legado de nascer novamente, e aprender a chorar, andar, sorrir se houvesse a certeza de um dia às duas décadas minhas de idade encontrar-te novamente. Aceitaria morrer se a promessa fosse de te reencontrar em outras existências. Aceitaria um casamento às escuras numa ilha grega qualquer sem estrela no céu, porque o brilho teu está em mim e não há céu nublado, noite escura ou chão sem alicerce que me dê medo. Você é minha segurança. Agora vem, fala baixinho, me aperta... Quero num sonho de olhos abertos novamente poder dizer em outra língua, em novo tom: I would change the oceans of place!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ela é real?
Dry Neres


Cuidadosamente, fora desenhada. Antes de nascer sopraram-lhe poesia aos ouvidos. Disseram-lhe que devia amar com devoção. Deram-lhe um sorriso forte e doce. Nos olhos mora-lhe a verdade. Deus quando a fez disse-lhe: - "Vai ser diferente neste mundo de imperfeição". Quando ela nasceu, os sorrisos no mundo se unificaram num segundo só... Todos sorriram sem motivo aparente. E ouvia-se o cantarolar dos anjos que a acompanharam na viagem lá da esfera de cima, até aqui. Da sutileza das flores extraíram o seu perfume. A cor da sua pele é um misto de desejo e delicadeza. Os seus negros cabelos embriagam como o movimento do vento. No livro dos dias dela, escreveram as mesmas linhas que no meu: "Vais caminhar por longas estradas e datas. Vais ser feliz n'alguns dias. Todavia, o amor vai soprar-te a vida verdadeiramente, no dia em que os seus lábios tocarem outros lábios gêmeos em alma, seus. Ainda irás questionar acerca disso, porque no caminho para a verdadeira felicidade existem percalços. Mas haverá um dia, belo dia, feliz dia, incontável dia... Em que os céus se abrirão em clareza e conhecimento. E o seu coração sentirá a leve brisa da paz e queimará em êxtase do vermelho amor. Não saberás mais andar assim tão só. Sentirá saudade mesmo ela estando ao teu lado. Cada minuto sem ela, será como atravessar o deserto do mundo. Cada segundo ao lado dela, será como transformar o mundo num jardim de um Éden. Ela será tua Eva. Tu serás a Eva dela também".
Encontramo-nos! E antes de agradecer aos céus todas as noites por sua vida na minha vida... Indago: Ela é real? Amamo-nos! Ela é tão real quanto a minha própria existência.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Eu vou onde você estiver
Dry Neres


Eu não sei se sinto espanto ou sorrio. Arde em mim a nobreza de um sentimento que coordena os meus passos. Invade minha razão...

Eu era quase comum - muito segura de mim, um tanto independente... Sabedora de poesia e conhecedora de bons vinhos. Pensava até saber sorrir. Acreditava ter tocado o céu algumas vezes de tanta felicidade. Sincerametne, acreditava que a vida se resumiria a breves palpitações no órgão muscular, - aquele coração vez ou outra -.

Depois que a conheci vivo em taquicardia. As mãos não se contentam em permanecer unidas aos meus braços e insistem em imprimir naquele corpo de país afrodisíaco minhas digitais - dela. Tudo o que eu havia aprendido foi desnecessário. Joguei tudo fora. Abandonei o conhecimento secular, porque dela e somente dela eu precisara alimentar-me. Reinventei uma língua... Com ela é preciso sussurrar. Ela é revestida de sensibilidade e sutileza. É preciso tocar devagar, falar devagar... Olhar mais profundamente. Seria como tocar um livro virgem. Ela é inédita sempre. Um fogo arrebatador de corações... Ela consegue unir todas as melhores coisas do mundo em seu sorriso largo.

Estou a escrever numa situação esmagadora, porque minhas mãos pequenas não conseguem segurar todas as palavras e canções e fotos e beijos e ELA que algo ali no andar de cima derrama em mim. É como um maná dos céus excelsos, de universos infinitos... Ela é infinita em mim! Já que falei das minhas, as mãos dela são transeuntes... Fazem-me derreter. Me estremecem. Ela me lambe com as mãos. Facilmente eu seria seduzida e faria amor somente com os olhos dela - PENETRANTES! Ela tem olhos nas mãos. É conhecedora de cada extremidade mais úmida minha.

São fluídos e mais fluídos de mel que jorram dos meus órgãos, pelo simples fato de pensar nos beijos dela. Eu não conhecia o real significado do beijo. Eu era desconhecedora da felicidade. Do orgasmo. Do clímax. Do cheiro. Os meus sentidos eram literários. E os meus textos não passavam de linhas bem enfeitadas de glacê. Agora sim, sou real. Agora sim, entendo o porquê da poesia me escorrer entre os dedos... Não se aprisiona o amor em linhas, não é mesmo minha princesa?

Eu poderia passar toda a minha vida e mais outra vida e outra, a te observar em silêncio. Poderia adormecer no teu colo e não sentiria fome, nem frio... nem sede, nem outra vontade humana qualquer. Seria-me tão somente necessário morar em você mais uns trezentos, quatrocentos anos. E se me perguntares até onde eu vou por você... Eu arranco minhas roupas, imprimo novas digitais e vou caminhando até algum infinito... Faça chuva ou faça sol... Chore lágrimas de dor ou de alegria... Passe fome ou frio... Eu vou onde você estiver!