sábado, 16 de maio de 2009

Meu mundo ficou mudo
Dry Neres



Se eu dissesse que todos os meus órgãos se confundiram, seria pouco. Se eu dissesse que todos os mares deságuam dos meus olhos, seria insuficiente. Escuto o silêncio que insiste em gritar mais de você, de nós. Observei-te em angústia por grande parte dessa noite tão longa, tão dolorida. Eu sinto uma dor descomunal. Sem nome. Com nome. O seu!


Se eu dissesse que poderia suportar com dor pouca, sua ausência mentiria eu exageradamente. Se eu dissesse que deixaria de acreditar na gente, mentiria eu em grande escala. Essa dor que invade minha pele e queima os olhos parece ter sido inventada. Inventamos! Estou ligeiramente morta. Estou morta de amores por você.


Nem que eu tivesse a força de todos os homens, minhas palavras seriam amenas. Este nosso filme amor, eu não escrevi. Esses versos desordenados eu não planejei. A poesia de despedida que tomou conta dos meus lábios não foi ensaiada. A dor que eu sinto meu amor, não cabe nas mais precisas descrições de Kant ou Lispector.


Eu tenho raiva da minha poética por não conseguir exprimir esse desespero da minha alma. Eu tenho raiva da minha poesia, porque você não a alcançará. Meu corpo arde em febre. Minhas mãos nuas esperam pelas suas meu amor, doce amor. Mas vi-te partir definitivamente no cais de um porto qualquer. No cais de San Blás. Se um desejo me fosse concedido, pediria sem exitação para que eu deixasse de respirar.


E vai ser impossível não recordar de cada riso. Do nosso cuidado. Dos seus olhos de mar. Seus olhos de toda a ressaca Casmurra. Dos nossos corpos que se fundiam na mais perfeita representação do amor. Deixarei de conjugar verbos. Deixarei de inventar predicados. Mas uma coisa é fato documental - Você é toda a minha poesia.

6 comentários:

Kamilla disse...

Eu gostaria de ter palavras que diminuíssem sua dor. Definitivamente palavras não servem para nada... Desisto de todas elas.

Anderson Meireles disse...

Ainda que por um instante você deixasse de conjugar verbos e inventar predicados, eles sairíam como suor, dos poros...pois são o que você é...
Deixar de conjugar verbos e inventar predicados seria violenta mutilação!

Babes disse...

Estar "ligeiramente morta", é estar ainda muito Viva!

Adoro a Tua escrita!!

Meu beijo

Ingrid disse...

Lembro dos tempos de angústia e me reconheci muito bem nessa frase: "Eu tenho raiva da minha poética por não conseguir exprimir esse desespero da minha alma."
Com o tempo a dor vai embora, fica mais fácil escrever o que bem entender ou, simplesmente, não precisar mais escrever.
Beijos, menina ;)

Anderson Meireles disse...

Dry, entra nesse blog e procure o texto: DESBRAVADORES.
http://diariosdefilosofia.blogspot.com/
Abraço!

Poeta Mauro Rocha disse...

Descreves a dor num poema corrido e por entre teus dedos as palavras vão surgindo o que em tuas veias borbulhas e teu coração pede: Amor.

Belo texto!!