quinta-feira, 22 de novembro de 2012

É grave?



- Qual é o diagnóstico Dr.?
- Estágio agudo de melancolia poética, imerso em convulsões na alma e bronquite cardio-emocional.
- É grave?
- Pode ser ou não. Tudo na vida é assim: uma estrada dúbia e incerta. Incandesce tua alma de poesia e envolve teus olhos em duas ou três páginas de Lispector, Meireles, Exúpery... 'Poematografe-se'!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Respira-me!




Acometeu-me noite outra, não sei exatamente qual, um burburinho de acelerações cerebrais. Era mais ou menos assim: taquicardia, sudorese, pupilas dilatadas, ausência de ar no canal responsável por exalar respiração, trepidações fantasmagóricas que migravam e imigravam daqui para ali e dali para cá, entre os pés e o pulmão.

Pensava-se em tudo e em quase nada. Dilacerava-se. Corroía as unhas da alma. Tentava-se enclausurar numa janela ou outra alguma inquietação. Tentava-se... Continuo tentando... Continuo tentada... Continuo ada... Continuo a... Cont...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Brincadeira de criança...



Eu que não caminho de mãos dadas com a rima,
Recorro a ela - minha imaginação - distante prima.
Sai faiscas, comichão e desespero,
Não sei domar-te ainda - Ah, exagero!

Desato os nós na língua,
Vem palavra, apazigua!
 .
 .
 .
 .
 .
 .
Ventou!
E a imaginação?
Resolveu brincar de 'esconde-esconde'.
 

domingo, 18 de novembro de 2012

À palavra - mil perdões.




É estranho. Agora nos falta intimidade. Você não me reconheceu. Recusou minha senha. Deveras... A culpa foi minha. Pensei por um momento que perderia esse espaço que dias outros era de confissão e apego. Hoje sou - DESapego? Não sei ainda. Prefiro não discutir os porquês de ter me desprendido do hábito que me salva da insanidade. Todavia, sei - agora mais do que nunca, que a escrita liberta essas incógnitas que hora ou outra assolam meu cenário pensamental. 



Tenho caminhado pelos infinitos mundos que já visitei. Em alguns, percebo o quanto não me é saudável recordar. A gente erra... Erra bastante. E quando deseja acertar, algo te faz cambalear, DESacertar. São os rastros do que fomos que ficam em nós como perfume vencido. Não consigo perceber fragrâncias sutis. Sinto peso, amarras, cordões. 



Preciso me reconciliar com os dedos que expurgam os mais vorazes fantasmas, porque eles se aglomeraram em mim... Foram se acumulando. Sim, porque deixei de expô-los, destruí-los. Quem tem um turbilhão de sentimentos dentro de si, fatalmente precisará recorrer a esse mecanismo. 



Joguei fora as vestimentas de poeta. Deixei a maquiagem correr na face, como as gotas da chuva. Desabotoei as ideias. Desamarrei os desejos. Deixei-me caminhar só... Desarmada, desalmada, desletrada. Ignorei as palavras. Desconstruí a casa prosáica que um dia servira para sustentar o meu edifício interior. 



Desculpe-me, prosa. Perdoe-me, poesia. Essa separação só fez de mim mais humana. E a quem interessa a humanidade, quando se tem nas mãos a possibilidade de fundar mundos, reinos? Se te interessa, faça bom uso! A mim, não. Percebi que a realidade demasiada, ainda que esta seja feliz, não te permitirá curar os casébres das tuas entranhas. 



Os meus florais são as palavras. Estiveram sempre aguardando o meu retorno, pacientemente. Estiveram sempre pintando nas paredes por onde eu passava: VENS, USA-ME - ANTÍDOTO SEU SEREI! Evoco-te... Não mais permita nosso desligamento. Se quiseres eu, partir... Surra-me e devolve-me à minha morada. Apanha-me e inquieta-me, por favor. Desperta-me e engole-me. Se preciso, guarda-me dentro de ti... Pois escuridão alguma é capaz de ofuscar a luz que se dissipa quando nos encontramos. 



À palavra - mil perdões.