terça-feira, 21 de dezembro de 2010

24 HORAS
Dry Neres



No cérebro, um formigamento externo às estrelinhas do dia destinado ao pensar desenfreado. Chega num cansaço de corpo. Chega num cansaço de alma. É como ser dono de uma balança, e ter a função diária de não deixá-la pender nem para um lado, nem para outro, a fim de resguardar os instantes de sanidade.

Fuligens de ideias inconcatenadas que se misturaram com o que penso ser eu. Tenho caminhado tanto. Os ombros estão arqueados verticalmente, momentaneamente sem batimentos. Os dias correm depressa, e em todos os finais de ano, minhas têmporas doem mais, doem absurdamente mais. Todas as vinte e quatro horas de todos os dias do ano deixam se pesar no final dos ciclos. E a mente parece trabalhar mais que operário nas ideias de Chaplin.

Os sentimentos apertam os sentidos ou é vice e verso. Todos os sentidos do homem escondem-se nos olhos. Os olhos parecem minas com ponteiros de tempo. Os olhos fingem. Os olhos seguram a ponta da alma. E um homem ainda não ganhou a dádiva de ler os olhos de outro homem. Aí está a beleza de tudo. Olhar e não compreender. Teimar e não acertar. Insistir e falhar. Meus olhos estão um tanto cansados do que vêm. Ou quem sabe é só a ressaca anual que resolveu desembocar nesse peito de poesia diária.

Só são vinte e quatro, mas parece uma vida toda.

domingo, 19 de dezembro de 2010

À poesia nossa de cada dia
Dry Neres




O meu amor é prosa em verso. 
O meu amor tem a doçura na ponta dos dedos. Tem os fios do cabelo bem alinhados. Tem o sono de contos de fadas. Tem na face o sorriso mais pacífico de todos os oceanos. Tem a arte na ponta das ideias. O meu amor carrega nos bolsos algumas letras da Duncan. Não dispensa o bom all star quando é pra me agradar. O meu amor é ultra-romântico e à moda antiga. Gosta de se atrasar sempre; parece charme para aguçar meus instintos. O meu amor dorme feito anjo. Deveras anjo ser na realidade. Tem gosto de café nos lábios todas as tardes. Come livros desesperadamente quando a insônia chega. Tem na ponta dos dentes alguma explicação científica quando o assunto é corpo humano. O meu amor é representação divina da felicidade. É a eternidade em que quero habitar. Tem nos pés o meu fetiche. Tem nas mãos o mapa do meu desejo. O meu amor tem o desajeitamento nos gestos. Tem uma caixinha de relógios. Gosta de cumplicidade. Ama com intimidade. Cheira A-mar. É humano e divertido. Gosta de abrir a geladeira no meio da noite e beber água gelada. Ouve músicas antigas. Ama molho italiano. Demora no banho. Demora em mim. O meu amor é dessas coisas que se guarda pra sempre. É dessas coisas que se ama desesperadamente. É dessas mulheres de tirar o fôlego e a identidade e dar sorrisos durante uns trezentos e sessenta e cinco dias de todos os anos.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

sábado, 11 de dezembro de 2010

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

 ...
Dry Neres




Ela nunca fora tão feliz assim nem nessa, nem em outras vidas. Morava nos sertões dos seus desejos, e quando lhe perguntavam acerca do amor, dizia: "Vai bem, não sei... vai"! O amor passou por ela inúmeras vezes, mas nunca ousou tocá-la. Ensaiou até poesia, rima, fala, mas ainda não era hora, nem mês. Caminhava na corda bamba da incerteza. Fascinava-se. Apaixonavasse pelo invisível. Imaginava. Pintava a verdadeira face do amor. 
O coração dela estava acostumado a bater forte e, por várias vezes, pensou saber caminhar nos labirintos do sentimento. Sua rotina estava calcada na razão, nos números, no sexo. Abandonou de tudo um pouco, para viver suas fantasias. Ironias. Chorou como rio deságua. Clamou aos céus, dias mais coloridos. Quando acordava dizia: "Que seja eterno enquanto dure"...


HOJE...


Diz: "É-Terno"!

Certa vez duma boca outra ouviu os dizeres: "Não devemos eternizar o amor". E hoje, ela poderia dizer certamente, que ouviu o conselho. Não buscou eternizar o amor. Fez do amor sua eterna razão e loucura. O amor fez dela a sua eternidade. Ah, e como foi bom pra ela ser é-terna do amor. 

Sua face é corada. Seu caminhar mais largo e imponente. Sua humildade, acrescida de elegância. Seus dedos são ornamentados por alianças várias de um amor único. Seus dedos tocam o sexo, romanticamente, ainda como se fosse a primeira vez. Os seus lábios repousam nos lábios de sua amada sem pressa de acordar. E mais ainda - não deseja, nem espera acordar. 

É de olho fechado que encontramos o amor. 

Ela não pisca quando sua amada está ao lado. Capta cada movimento delicado, feminino. Ela alimenta diariamente um altar devotado ao amor. Religiosamente atenta aos sussurros do teu amor. Fez da tua amada, sua água, seu pão, sua poesia, sua profissão. 

Escreve com ternura. Pensa delicadamente em amar cada vez mais. Abraça as palavras com firmeza do que sente. Faz do teu amor, irrefutável. Namora não só com a amada, mas namora dia a dia, a beleza mais incontestável de sua vida - A de ter sua sombra duplicada ao sol e dormir de conchinha em todas as estações de todos esses anos.  

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dois
Dry Neres



O somatório das palavras e dos vocábulos que meus lábios e dedos já pronunciaram desde, não pode jamais ser contado em linhas ou explicado matemática, física ou levianamente. Cada verso devotado a ti, foi e será sempre uma tentativa apaixonadamente poética de te entregar pedaços meus. O imensurável pôde ser agregado a alguns papéis de cartas convencionais ou virtuais. Antes desses setecentos e trinta dias, eu acreditei erroneamente que a poesia era matéria-prima somente das grandes literaturas e das mãos inspiradas e inspiradoras de alguns deuses da arte. Hoje, tenho poesia nas pálpebras, na pele. Esqueci-me antes então de ler, que a poesia era viva e habitava os seres, todos, tal como o sopro foi dado ao homem em forma de vida. Esqueci-me, propositalmente, de que a dádiva do sorriso e a graça de enxergar de olhos fechados, me seria concedida, visto que é destino incontestável daqueles que se permitiam fazer amor com a poesia e vice ou verso. 

Foi quando você veio: incontestavelmente apaixonante! Todos os meus passos, cada ponteiro dos relógios, cada minuto de respiração minha, foi cuidadosamente endereçado à tua felicidade. Aprendi que amar não é viver na utopia, concebendo a ideia de um ser que não erra, não chora, não tem limitações. Diante dessas constatações, sei que amo e que sou amada, porque não vivemos vinte e quatro horas nos jardins floridos dos contos; mas conseguimos converter todas as dificuldades num somatório do mais puro amor. Diante dos desafios, o nosso amor ganha novas blindagens em sua armadura, e assim, se tornou invencível. Eu te amo, porque só você consegue deixar meus olhos marejados de felicidade e de fascínio. Ainda que pareça clichê, você é a minha metade. 

Amo incansavelmente, som harmônico da tua voz, a doçura e agilidade das tuas mãos ao cuidar do meu prazer, a sutileza e a verdade dos teus olhos, ao dizerem sempre tão carinhosamente, que sou teu amor real. Admiro em especial a arquitetura lírica do teu corpo, que juro por inúmeras vezes, ter pensado sem ficção. Um corpo que ultrapassa a estética material; um corpo que abriga as qualidadess mais admiráveis em um ser vivente. Você é tudo pra mim!

Renovo meus pedidos de casamento... Casa comigo diariamente, ou todo dia primeiro, em dízima períodica ou em vírgula por gradação.