segunda-feira, 24 de maio de 2010

Descrição ao gosto parnasiano
Dry Neres 




Ninguém acreditava, talvez nem mesmo eu; tampouco ela; imagine o restante do universo... Parecia óbvio, inconstante. Parecia de fato não ser. E era um "não-sei-o-quê" dentro de mim. Os ponteiros dos relógios eram certos em nos dar incertezas; e éramos como vendaval em mares portugueses. Havia calmaria, mas tinha os segundos contados para findar. Lutávamos contra nós mesmas - eu, com meu o orgulho; você, com a sua dor. - Grandes histórias de amor - eu pensara - deveriam ser assim nas ficções... Mas não era ficção; era mais. 

Eu havia rompido o véu dos sonhos e percebia a realidade que se apresentava nua e nitidamente crua. Você, quase conseguiu transbordar algum oceano desses, com tantas lágrimas, tantos questionamentos... Eu as secava uma a uma; vez ou outra, ganhava algum beijo desesperado e  os meus braços cercavam-lhe como quem abraça o próprio ato de ser feliz.

Quando te percebi curada, inteira, erguida pude compreender o fundamento de estarmos juntas. O brilho dos olhos não me cabia no globo ocular. E você disse, como quem arranca do peito o coração e o coloca nas mãos, os mais sinceros desejos seus. Naquele exato momento, eu soube - não se espera nascer o amor como aguarda-se um filho por nove meses; ele, vem quando a gente esquece de gritar o seu nome... ele vem, quando a gente se desvencilha das amarras do egoísmo e quando aprendemos a arte de caminhar com a simplicidade. 

Você veio há um ano e seis meses... 

E até hoje me questiono sobre como consegui viver tanto tempo sem aquela que sopra a alegria em meus pulmões...

Se as cicatrizes existem, são para nos lembrar que saímos de mãos dadas de um redemoinho humano, lutando contra nós mesmas e contra os olhos pouco amistosos do mundo. Hoje é nítido - É infindável - Hoje amor, sinceramente - eu sou louca por você! 


Ps.: O teu sorriso é uma coisa assim - de estremecer um corpo e uma vida inteira.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Surram-me as palavras. Elas realizam uma espécie de balé rítmico em mim. Emitem sons de risos desesperados. O objeto enfim vence o poeta. Suam as mãos em alguns trezentos Celsius. As pálpebras quentes como quem deseja abraçar a amada com os olhos; prendê-la, sugá-la. Os movimentos não se coordenam, porque subordinados são a ti. 

A pele em veludo e nudez, nas suas silhuetas de pecado, perdição e prazer. A boca que beija o veludo interior; e os lábios comprimem a pequena pérola de grande valor. As mãos esmagam as curvas que não têm fim; os olhos exclamam - Vem, fica, mora.

O relevo dos teus beijos emudece, molha... queima, impele a pele a querer mais de ti. Os pés tocam-se como quem fala: - Não é permitido que fique um centímetro teu sem o toque do meu desejo! Os pulsos ardem; e mais Celsius invandem-me. A garganta queima com a vontade das palavras que são ditas no inaudível de um... sorriso na hora do amor! 

Na constelação do nosso céu particular, literalmente vejo estrelas. Minha mente desfila nas pinturas que molduram o meu corpo em chamas e em líquidos.

O que você representa em minha vida, não cabe e nem caberia, como eu já disse várias vezes, em nenhuma descrição humana. É indiscutível o nosso enlace. Guardas nas mãos, bem abertas, toda a minha felicidade; ser feliz é ser livre para voar os quatro, cinco, sete cantos do universo e ainda assim, querer estar eternamente preso a um único pólo; a um único mundo. A minha felicidade resume-se fielmente nos minutos-horas ao teu lado. E se ainda assim, for pouco... perco-me para te encontrar. Encontro-me para te aquecer. Brinco de tocar o que as mãos ainda não alcançam; porque as suas mãos apontam-me a direção segura para prosseguir. Com você não há medo. Com você há sorriso no escuro e coragem no abismo.

Lindo mesmo é ver você sorrir, minha criança!

sábado, 1 de maio de 2010

Pronome a ti
Dry Neres


O que eu preciso dizer a você, não pertence mais às esferas simples das palavras já conhecidas. Por isso, esmago-me neste aparelho de escrever a fim de colar meu coração nestas letras, para quem sabe ter o poder de redigir três ou quatro versos. O inexplicável do amor foi o conhecimento mais perfeito que pude perceber em mim. De sentimento abstrato que não se conhece e não se toca, passou a habitar em mim na personificação de tuas fotografias reais. Antes eu, de sabedora das arquiteturas do sentimento, hoje sou apenas refém ou oração subordinada das impressões que o amor me causa. 

Ele, o amor, transforma tudo em nós - desde o andar até o que pensas que dominas mais em você. Pensara eu, saber dominar o dicionário que mora em mim. Hoje, ele me surra porque usa das mãos para dizer o que o coração quer mostrar, sem reservas, com total desprendimento... Sem medo ou cuidado do que irão pensar. Porque o que eu penso é que te amo. E se assim o é: nada há que temer!

O nosso amor se desdobra em mil outros adjetivos. E no uso do meu infinitivo quero viver com você mais vidas do que o conhecimento prévio do homem julga existir.  Não tenho condições alguma de exigir algo mais da vida - O sinal de adição já habita-me. Vencemos tudo e todos numa guerra firmada no invisível dos nossos dias. Porque eu não me canso: eu já era tua! Entregue, nua... Tua! ... Antes ainda do teu concebimento, eu já era pronome a ti - Tua amada e cúmplice. 

[...]

"É incrível... Nada desvia o destino. Hoje tudo faz sentido e ainda há tanto a aprender. E a vida tão generosa comigo veio de amigo a amigo, me apresentar a você. Paralisa com seu olhar - Monalisa. Seu quase rir ilumina... Tudo ao redor minha vida. Ai de mim, me conduza Junto a você ou me usa pro seu prazer... Me fascina: Deusa com ar de menina! Não se prenda a sentimentos antigos... Tudo que se foi vivido me preparou pra você! Não se ofenda, com meus amores de antes, todos tornaram-se ponte pra que eu chegasse a você"!

Toda a cor e leveza e poesia e sentimento e bondade e compreensão e alegria e o que mais há de bom em mim, provém de você!