segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Dois dedos de prosa
Dry Neres




A idéia do infinito


Hora esta ou hora outra, n'algumas horas destas que não cabem no relógio, assombro-me com a idéia de que o meu juízo (ou a falta dele) faz do infinito. Em várias bocas, n'alguns corpos em que passei horas num adentramento que cai dentro das almas e as vai arrebatando... aprendi da arte, a peregrinação dos que enamoram-se pelos perigos da existência breve. Num enredo sutil de uma cena muda sinto mil mundos me crescerem nas almas.

Vez ou outra me apresento febril porque minh'alma opera com fulgor nos meus mitos do passado. Não me espantaria se o leitor quisesse amarrar meu corpo numa camisa cheia de força (ou vice ou versa), porque é devaneio, a minha poesia. Ferve em mim mil retóricas, histórias patéticas e mórbicas, porque sou poeta e são as experiências que inflam minhas mãos nervosas no ato de parir letras que se misturam e dançam esquisitas aos olhos dos que se denominam leitores.

Escondam seus olhos das minhas insanidades transmutas em vulcão, porque se você por ventura resolver se identificar com alguma linha desta aqui apresentada, estará já fadado a sofrer da mesma inquietação minha. Não se compadeça da minha fantasia sagrada, porque as literaturas nos enganam os sentidos e eu sou infinitamente literária.

Me instiga analisar os olhos muitos dos que cruzam meus passos. Cada um carrega um barco sem nau à procura do infinito. Muitos se refugiam de si. Muitos, como eu, se escondem por entre as coisas, vozes, óculos. Como boa contadora de risos, ate ensaio uma ou duas piadas, mas retorno com as mãos de unhas roídas nos bolsos inventados.

Retorno sempre, mas queria mesmo é me perder. Qualquer dia desses, eu prometo me desprover das inutilidades, rasgar identidade, tirar o meu cartão de memória. Qualquer dia desses eu prometo... Rasgar a minha pele, arrancar o meu coração e levar para a retífica. Quem sabe assim me vem alguma idéia do infinito?! Quem sabe assim... as indomáveis convulsões do crânio cessam!



Foi só um pesadelo


Os poros choravam desesperados diante daquele sonho, digo pesadelo, de vinte e oito do nove. Na realidade, o meu corpo abraçava o teu e sentia o teu cheiro divinal, enquanto parte do cérebro responsável por fantasias no instante em que fechamos os olhos, me remeteu a um sentimento nada bom de sentir. Eu tinha te perdido naquele pesadelo. E o meu riso tinha se apagado. E o meu coração havia arrumado as malas, me deixando uma lacuna bem no meio de mim. E era uma dor insuportável.

E, eu te ligava, mas...
Sua voz não ouvia.
Porque d'outra boca,
Notícias suas eu tinha.
E já não me era agradável ouvir.
E eu te chamava, clamava, implorava.
Teus olhos de ressaca já longínquos...

Oh Deuses, que sonho insano retirar-me o beijo do amor meu! ... Quando acordei, em desespero, cobri teu corpo com o meu-teu coração.

Beijei-te os olhos em exaspero.
Quis logo segurar suas mãos.
Abraçando-a aflita sorri -
Que pesadelo mais doloroso de sonhar.
Aproveitei e uma prece também fiz:
Para garantir que tal história ficasse bem aprisionada no tal inconsciente!

Porque eu te amo com toda a vida que há em mim. E se me fosse exigido nascer outras vezes, ou viver outras vidas, por você seguramente assim o faria.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A fim de entender as curvas geográficas do seu corpo-país
Dry Neres





O que eu sinto por você não cabe em nenhuma descrição. O que o seu sorriso me causa assemelha-se com o cuidado que o poeta tem para com a poesia. Você me moldou. Visto-me dos teus cheiros e invado tuas roupas em ato de fome. Até hoje, mesmo tendo percorrido vários dias desse casamento de lábios, tremo ao dizer que te amo e as pernas ficam bambas quando tua voz tão adocicada acompanha o meu aparelho responsável por ouvir suas juras de amor. Eu me agarro aos seus lençóis quando o seu fogo me invade. Reinventamo-nos a cada segundo e fazemo-nos assim inéditas sempre uma para a outra. É como se o amor tivesse acabado de nascer a cada beijo.


Eu queria saber fazer arranjos bonitos de palavras poéticas. Queria mesmo escrever como um Drummond para que você pudesse embebedar-se com as minhas letras. Eu queria ter todas as faculdades humanas a fim de entender as curvas geográficas do seu corpo-país. Quisera assim ter o conhecimento de todas as línguas para te invadir com os léxicos e sentidos que pudessem tocar o intocável em você - entre, dentro, mais. Ah, se eu pudesse ter o dom de 'historiar' para descobrir de tuas outras vidas, tantas vidas em que nos amamos através dos séculos.


Eu seria incapaz de descrever o misto de emoções que acontecem em mim, a cada vez que seus olhos mapeiam os meus. Eu amo os nossos silêncios e gritos. Eu admiro nossa compreensão, fidelidade, amizade... Mas o que mais me instiga é a nossa Intimidade. É quase surreal... é... incrível... estonteante! Casamo-nos, amor! Vivemos sem sombra de dúvidas um romance à moda antiga. Você é a confirmação do que eu um dia ouvi dizer sobre a felicidade. Eu te amo com tanta força. Eu te amo tanto...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Texto perfeito de uma boneca cujo nome é canção excelsa, divina, insana: Damaris Carvalho - ela me lembra tanto a Lispector *__*

Desde que nascemos estamos fadados a amar. Até porque por amor fomos criados e em função dele vivemos. Nos acompanha do princípio ao fim, é a perpetuação da vida. O supremo sentimento, pai de todos os outros. Somente conhecido e talvez compreendido através da experiência direta-talvez, pois até hoje não há menção na história de alguém que o tenha feito.
É dor, é fogo, desejo, encanto, fascinação. Sentidos. É incessante, arrebatador. Problemático. " Contentamento descontente". Não é como a paixão que é chama que se não alimentada apaga, é como o próprio ar. Nos mantém vivos, nos embala. Inexplicavelmente o néctar da vida, sentido até mesmo que em algum dia, em meio a algum devaneio, seja maldito. Nos torna divinos na mesma proporção que nos torna humanos. Faz com que seja sentido cada pulsar, cada contração, de todos os órgãos que compõem o tão frágil corpo em que habita.

Damaris de Carvalho

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A m p u l h e t a
Dry Neres


Eu sei que...


ficar sem ela,

seria como ficar sem mim.


Ela me tirou uma espécie de daltonismo com a vida. Hoje, todas as cores se movimentam em mim, com a textura dos beijos dela. Ah, este amor assim absoluto e assim e x a g e r a d o. Este amor impertubável e indissolúvel e que resiste às idades e as épocas. Sem o teu amor por perto, eu escolheria estar perdida entre a multidão de São Paulo. Sentada n'alguma avenida paulista de algum número de maio. Eu escolheria ter a pele arrancada só para não sentir saudades das tuas mãos sublimes. Eu escolheria não morar em mim, porque todos os cômodos que me abrigam, têm as suas digitais, os teus jeitos, nossas músicas.




E é como se...


o meu coração transbordasse...



É como se eu quisesse tomar alguns goles de você duma vez só. Embriagar-me do teu cheiro de anjo e de mulher fatal. Bebo a tua presença como quem tem sede no deserto. Contemplo os teus olhos em mim umas vinte e quatro horas por dia, porque eu nunca sei quando a incerteza do amor irá me bater às portas. Eu nunca sei quando o enlace de mãos poderá se romper. Às vezes tenho medo de dormir, porque agonia-me pensar que o nascer do sol poderia levar os teus negros cabelos dos meus seios.


Eu te amo com toda a urgência que há em mim.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

E então o amor nasceu em mim
Dry Neres

Hoje em dia anda tão fácil de matar o amor. Nesses tempos de esfriamento, o amor implora aos seus ouvintes que Lhe dêem moradia, abrigo, consolo. Eu, por mim mesma, fui acometida pelo então Amor (sujeito romântico, cheio de predicados e hipérboles) - para amar alguém loucamente - com toda a intensidade que me mora. Faz dez meses ou ainda trezentos e quatro dias ou ainda sete mil duzentas e noventa e seis horas em que eu aprendi a comprender o significado de muita coisa que antes me passara despercebido. Almoçar se transformou numa tarefa dupla pra mim. Dormir também. Escrever também, visto que não consigo me ver tão solta dela. Antes de comer algo, penso se ela já comeu também. Antes de descansar as pálpebras, velo o sono dela mesmo que em alguns quilômetros poucos distantes. Antes de escrever reúno toda a inspiração que os beijos dela me dão.

Entendi, desde então o verdadeiro significado de poesia, porque ela se fez por inteiro todas as minhas letras alfabéticas e a minha coesão e a minha coerência. Penso que não me cabe tanto amor. E por isso, derramo-me em frases para dizer da divindade humana que me mora - Ela, a dona dos meus ais! Se mal visto esse amor ainda se faz, diante da 'pequenura' do campo de visão de alguns - eu insisto em desenhar nos muros, braços, beijos, olhos o tamanho desse cuidado que devotamo-nos. Eu grito assim tão alto, não para causar espanto ou por rebeldia. Eu grito tão alto assim para derramar mais cor no mundo, porque não há amor no universo - 'mais aquarela' que este que mora no peito meu. Ah, como me é divertido rir dos seus risos largos. Como me é delicioso beijar os olhos enquanto dormes. Acariciar teus cabelos negros rosados. Abrigar meu corpo no teu, como a mão abriga a luva - ou vice e versa ou isso e tal.

Eu tenho encanto e ternura por tudo o que ela faz. Na verdade, não é segredo meu, que eu acho-a uma das mulheres mais lindas desta Terra inteira - (ela só não ganha o 'pódio', porque tem aquela que me gerou e pra ela ofereço todas as flores de todos os jardins e ainda, para a que é irmã minha - na verdade alma gêmea minha, minha criança e amor primeiro). Tenho em mim a loucura dos que amam. Da loucura mais sã que meu coração pôde provar, quero embriagar-me infinitamente. Infinitos são os seus beijos, amor! Infinitos são nossos abraços e risos exagerados! Desesperada é a minha respiração quando te encontra. Úmidas são as minhas mãos quando te alcançam.

Eu a amo de uma forma tão indescritível - Imensa. Faz dez meses que nossos lábios se acharam um n'outro, todavia meus olhos já te procuravam incessantemente. A minha poesia buscava os teus olhos de mar, desde que eu fiz o movimento de pisca-abre de pálpebras aqui nesta esfera denominada Terra. Eu já te desenhava antes mesmo de te ver, assim tão de perto. E nos meus sonhos de amor, suas mãos já me acariciavam. Eu ja te amava, antes mesmo de te conhecer.