terça-feira, 28 de julho de 2009

Duzentos e setenta e quatro
Dry Neres




Beijos. Fotografias. Poesias. Longas poesias. Sorrisos. Desencontros. Esperas. Milagres. Afagos. Noites. Horas. Músicas. Estrelas. Mares. Estradas. Camas. Telefonemas. Lágrimas. Encontros. Perfumes. Dedos. Mordidas. Cuidados. Esperanças. Diversões. Cabelos. Relógios. Anéis. Torres. Sorvetes. Cartas. Quedas. Junções. Distâncias. Abraços. Longos abraços. Lençóis. Mãos. Respirações. Longas respirações. Corações. Toques. Vermelhos. Olhares. Multidões. Vazios. Algarismos. Vozes. Óculos. Silêncios. Linhas. Seios. Faróis. Pessoas. Livros. Tardes. Razões. Motivos. Citações. Filmes. Unhas. Bocas. Gemidos. Sóis. Explicações. Sentidos. Segundos. Destinos. Pensamentos. Coincidências. Insônias. Conspirações. Entregas. Significados. Cumplicidades. Cuidados. Sonos. Meses. Quadros. Esmaltes. Cores de Almodóvar. Cansaços. Emoções. Passos. Letras. Quartos. Papéis. Mensagens. Novamente deixo que minha alma se derrame. Expulso-me do meu estado carnal. Transcendo-me. Transporto-me. Me fizeste assim: duzentos e setenta e quatro dias de amor de verdade.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Para se ler antes que amanheça
Dry Neres



Meus olhos te seguem pelas avenidas. Meus olhos seguem tuas curvas que enfeitam o lençol claro. Tua pele chama-me para habitá-la. Quentes são seus líquidos que navegam pela parte final de cada extremidade superior minha - minhas mãos. Vivos são seus beijos que tatuam amor em meu coração. Indescritível é esse amor que me toma, me mora, me inquieta, me acalma. Nunca me fora antes tão intenso, tão verdade, tão amor.
Acredito-me na máxima de que nossas almas se procuravam em outros corpos antes de nos encontrarmos. A junção dos nossos sorrisos fez com que a Terra se fizesse mais bela; fez com que as estrelas brilhassem mais intensamente. Nosso encontro estava desenhado nas páginas infinitas de algum livro Machadiano. És personagem minha, viva em minhas pálpebras que de outrora vieram cansadas de tantos desencontros.
É nítida a fotografia do tempo que pára quando nossa respiração se encontra; quando nossos braços se abraçam. É nítida a fotografia do tempo que não nos cabe. Estamos além da compreensão da melhor filosofia, do melhor romance. Ah, se eu tivesse a precisão dos poetas... Saberia fiel e facilmente descrever-te tudo o que transborda em mim nesse exato momento. Fui tomada por uma essência de amor máximo por teu sorriso, por teu existir. Pena que eu não saiba expressar tudo isso em frases bem construídas. O amor em mim é como desconstrução. Não o coordeno. Não o aprisiono. E ele faz de mim o que quer. E a palavra que me mora guia os dedos que rapidamente digitam esses sentimentos, meus sentidos tão confusos de tanto amar-te.
Sei que existo assim tão inteiramente, porque tua face beija-me a cada amanhecer. Amo-te porque consegues transformar cada lágrima de choro em lágrimas de sorrir. Tens o dom de me fazer bem. Tuas mãos sabem me conduzir ao estado maior de loucura que os seres conseguem alcançar. Um toque teu, e derreto-me como se colocada ao forno em brasas celsias. Um olhar teu e uma sinfonia me rege. Sou tua música, tua poesia. És meu acordar; cada amanhecer. Se sou sol... é porque me fizeste sol! Antes de você chegar... era tudo nuvem - passageiro e frio. Acalorada me fiz. Brilhante estou, porque me fizeste assim. Moldaste-me à tua maneira. E hoje tenho a certeza que me fora o melhor acontecimento desde que li no dicionário o significado da palavra felicidade.
Preparar-te-ia o teu café. Acenderia o teu cigarro. Derramar-me-ia em poesia todos os dias e noites. Balbuciaria músicas ao pé do teu ouvido. Cuidaria do teu sono, do teu respirar. Beijar-te-ia em desespero de tocar teus instintos. Amar-te-ia como quem compõe magistral canção. Este é quase um pedido de casamento, dentre vários que já proferi. Casamo-nos diariamente. Nosso enlace é certo a cada amanhecer.
Você faz-me sentir rara, especial, pura, extraordinária. Você faz com que eu me sinta capaz de tudo quando estou ao seu lado. És meu anjo. És minha amada!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Meu verbo - Teu nome
Dry Neres



Tua imagem refletida nas águas foi o meu presente. Foi-me como tocar as nuvens do céu que nos cobria com a palma das mãos. Os teus beijos me invadiram. Suas mãos procuravam desesperadamente minha pele tão branca e aveludada (tu que dizes!). O nosso contraste me instiga. O sol dançava diante de nossas faces apaixonadas. As árvores se moviam de acordo com o bater dos nossos corações em sintonia. As fotografias capturavam o que podiam daquele momento surreal. Você, linda. Você, minha. Você, estrela. Eu, teu sol. Nós, amor!
Sempre que algum desentendimento tenta nos acometer de forma a fazer meu rosto se afastar do seu, lembro-me dos nossos sorrisos, dos nossos beijos, do sono teu que velo com todo cuidado. Lembro-me do amor que nos devotamos, do corpo uno que nos fizemos. Cada momento com você é único, indescritível, doce. Doce são suas palavras. Doce, esse amor, minha Estrela. Diante de ti, emudeço! Contemplo os teus olhos como quem acaba de nascer e sente naquele instante o cheiro de felicidade. Amo-te como quem encontra oasis no deserto e sorrio das suas falas mesmo quando em silêncio estás. Suave, me é afagar os teus cabelos negros enquanto dormes. Suave, me é mapear o teu corpo com as minhas digitais e deixar contigo o perfume que tanto amas - o meu perfume em teus seios e mãos.
Se há algo nesse meu coração que não se esconde é o amor que transborda de ti para mim e de nós para o universo. Atravessei todos os obstáculos ardilosos como quem atravessa o mar vermelho em fúria e de muletas... E o amor sobreviveu, venceu e hoje frutifica. Eu amo porque sei que parte minha és. És órgão meu. Veias, artérias, fibras... Tu estás em mim, tal como há indícios de vida em meu suspirar.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Tem dias que...
Dry Neres


Que... Facilmente eu me abandonaria! Deixarei esta carcaça de vinte e uma primaveras que me abraça vagar em desalento, sem alma pelas entranhas estranhas desses mundos longes, que vendem num livro ou outro. Facilmente desprender-me-ia dos vínculos que construíram em mim, porque se depressa eu não for, o rumo das coisas corridas trata de se encarregar desta tarefa então tão árdua para minhas mãos. Quisera saber transformar tudo em canção de coldplay, um oasis, aquele radiohead... Quisera saber ser algo bem triste e só. Mas não me deixam. Mas não...

Nestes dias longos em que a máquina do tempo parece ter se vestido da minha face, tenho sentido as veias acelerarem-se. Vibram. Distorcem. Os órgãos se devoram e o coração os devora. A todos. Um a um. Rápido e rápido. Tem dia que os veleiros desistem de encontrar os seus barcos. E os filhos querem o abraço da mãe. E o pintor não deseja pintar a tela. E o sorriso não nasce no movimento de beijar. E a cama não resolve o teu sono. E os olhos não evitam o salgado que formam as águas do globo ocular. Nem as ilhas parecem tão seguras para se fugir.

Nestes versos tão secos e agudos os léxicos não me acompanham. As gramáticas não me permitem. As literaturas me fogem à memória já fraca, acometida pelo terror da idade que se aproxima sem chegar. Este mar de emoções, se eu fosse descrever, não caberia tão fácil nas cordas rebeldes do meu aparelho velho de tocar músicas velhas. Tem dias que o som dos ventos não me agrada tanto. E a lua não parece tão bonita. E o teclado vai ficando assim distante de mim, porque a vontade de dormir, na tentativa infantil de fugir desses momentos destoantes é devoradora. Tem dias que eu preferiria nem ter pálpebras para piscar-te. Nem coração para lembrar-te.

É só poesia. É só a beleza distorcida da moralidade impregnada em nós. É só!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Do Amor
Dry Neres




Não há voz que expresse o encanto que o brilho do teu sorriso provoca em mim. São momentos tão sublimes, que meu coração parece reunir todos os elementos da estratosfera num suspiro só. Meus lábios exaltam o perfume que exala dos teus órgãos de origem divina. Anjo, tua pele é poesia que me acalma e inspira. Amor, os teus olhos me dão toda a ressaca de Casmurro, de Machado, de Capitu, de amor. Nossos sorrisos foram fotografados e selados em álbuns da trajetória nossa. Nossos corpos se aproximam cada vez mais do estado maior de união de almas que provocam até tremores de terras longes. Nossos corpos representam a dança ininterrupta das estrelas e a junção de quadros belos, de cores belas, de mundos encantados.
O que dizer mais?
O mundo é pequeno para nos definir. Amo-te infinitamente!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Onde as ruas não têm nome
Dry Neres


Tenho sido como as retóricas reticências ricas em matizes melódicas. Depois de desidentificar-me, notei-me quase gelada. Como um cadáver que passou por uma autópsia enquanto ainda vivia... Onde foram arrancados todos os órgãos que exprimissem algum tipo de sentimentalismo relevante. Tenho deixado de ser sentimental aos poucos. E isso não me agrada tanto assim. Rabisco álbuns velhos, recolho músicas que aprisionei num baú de recordar momentos. Tenho uma rotina quase degradante. Tenho a vontade gritante de voltar para a casa segura que eu tinha vinte e um anos atrás. Alí eu sentia toda a proteção que o ventre materno me devotava. Sentia-me inundada de amor incondicional. Não encontrava problemas, tristezas. Minha única atividade era torcer para aquela bolsa tão quente que me envolvia, não estourar. Quando estourou, não quis abrir meus olhos, nem sorrir. Num gesto súbito chorei porque senti que meus dias começariam-a-acabar naquele exato momento. Tenho sido vários heterônimos Pessoanos em mim. Tenho sido a desconstrução do próprio nome que me deram. Não me percebo tão integrante de mim. É como se a minha consciência a todo custo tentasse me expulsar dessa face rígida que observo nos espelhos - quebrados. É como se o meu próprio coração me rejeitasse. O meu corpo é instrumento desafinado e eu tenho me sentido facilmente só, mesmo quando caminho nas ruas largas do meu mundo lateral. Só as músicas me escutam bem. Só as letras me escrevem bem. Embriago-me todos os dias de elementos nocivos ao meu corpo já frágil. Quem dera que não fosse só fingimento poético, antes quisera ser verdade, esse embriagamento. Instigo o carro que me leva, a tomar o rumo das ruas sem nome. Lá depois dos altos montes e curvas retilíneas e dispersas das rodovias aéreas. Gostaria de ser vizinha do vento e só. Iluminar (me)-ia com a luz do sol e só. Alimentaria-me dos léxicos que diariamente eu produziria. E venderia minha arte em troca de sorrisos. Meu corpo se cansa das utopias modernas. A realidade implora-me atenção. Escondo-me nos becos do comodismo e da suscetibilidade que invadem os meus dias. E nenhuma rua parece ter métrica ou precisão. E nenhum lugar me leva onde as ruas não têm nome.