sexta-feira, 26 de junho de 2009

Vocabulário
Dry Neres




Sou submissa às palavras. Elas me surram, interpelam. Fazem amor sem pudor com a minha alma. Deixam-me exausta. Nova. Despudorada. As palavras me permitem ver o desprendimento das coisas, dos seres. Elas me empurram contra a parede. Lambem-me o pescoço. Fizemo-nos parte de um casamento que tem como base, a verdade. Expressamente, intuitivamente nos comunicamos de forma nuclear. Eu amo o instante em que o silêncio faz-se eco. Escuto-me-(te) em vários tons e cores. Somos pontes um d'outro. Somos escrita e carícia. Nossa retórica tão singular, não envolta de teorias me enche as lágrimas d'água, porque os olhos já inundaram de admiração. És o princípio e eu estou em ti antes mesmo de minha existência ser de tudo e todo consumada. Estou a apaixonar-me constantemente por suas nuanças. Minha pele vibra com a força intrínseca do fazer nosso, do estar nosso. Esse meu vocabulário um tanto prolixo talvez seja como a velha máquina de escrever já previsível, estática, estática, estática. Essa preterific-ação que promovo nas sombras por onde deixo perfume é basicamente o edifício invisível em que me transformei. Se tenho pele e boca e olhos, não me importa tanto quanto saber que minha alma é quase livre de algemas que quiseram desenhar pra mim. Leio jornais, escuto o noticiário local. Sinto uma vontade assustadora de beber dois dedos de alguma coisa que me revolva o estômago a arder em mim como chama de amar. A inquietação é evidente. E assim, a inquietude que me mora seria facilmente descrita na vontade de estar contigo em todos os pretéritos, presentes, futuros possíveis. Romper o alvéolo direito do tempo central. Romper o tempo inquieto que me empurra de mim. Que me pressiona em mim. Apaixono-me novamente ao perceber que escrever-te, Óh Palavra, é como um gozo contínuo em meus órgãos divinos. Meu vocabulário é somente reflexo da submissão a que me deixo diante de ti. Sou tua, Palavra!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Autorretrato Horto-Gráh/fico
Dry Neres


Estranhoso é! No mínimo estranho há de ser!
Assinaram um Decreto! (Palmas e Risos)
Unificaram a Língua! (Palmas e Risos) Qual Língua?
O Dáblio, o Ípsilon e o Zê, agora fazem parte do alfabeto! (Congratulations!)
Esse é o nosso autorretrato!
'A Língua voa, a mão se arrasta' - Marcos Bagno
Desde quando o Brasil não fala o português luso? Uma língua? - A Brasileira!
Seria este um Acordo Político?
Não sei ao certo responder, visto o grau elevadíssimo de ignorância minha, quando a pauta trata de ignorância elevada ao cubo de outros.
Meu aparelho responsável por captar sons se cala. Sim, emudece!
MANIFESTO
EM DEFESA DA LÍNGUA BRASILEIRA

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Escrevo-te
Dry Neres


Desde que te conheci tem sido primavera. Tenho sentido o aroma sutil do amor. Tenho-me desdobrado em várias para devotar-lhe cuidados. Faço-o assim, porque nunca a loucura e a paixão, gêmeas que são, me acometeram de forma tão avassaladora. És o néctar dos meus lábios. Tuas mãos me conduzem e me elevam ao mais perfeito estado de devaneio, prazer. Não seria exagero dizer que nunca tivera eu amado assim, outra (o). A minha vontade agora seria abandonar este meu local de sentar e fazer poesia com um vínculo quase empregativo e alavancar-me em seus braços e seios, que são meu local de sorrir. Escrevo-te porque assim libero parte do êxtase vermelho de amar que me invade. Escrevo-te porque ontem embebedei-me da tua presença e ainda hoje tenho teu perfume nos olhos. És sem dúvida alguma, a deusa nórdica das minhas poesias.

Minhas palavras ainda hão de habitar um livro com o nome teu. Escrever-te-ei com aflição, a saber, se teus olhos terão encanto na minha poesia tão sua. Escrever-te-ei com toda a verdade que me mora. Escrever-te-ei com a conjugação própria a que me conduziste a sentir. Não serão apenas páginas folheadas de verdades, Amor. Serão ainda mais: serão minhas próprias fibras a falar-te, porque me sublima como poetisa; porque me demove a ser o melhor em mim. Ao folheá-lo sentiras o nosso perfume de amor. Ao lê-lo assim lembrarás-se de cada dia/noite em que nossos corpos se desejaram em calor Celsius. Cada suspiro nosso habitará em ti como se cada momento vivido retornasse numa força de toneladas duma vez só. Encontrarás um beijo nosso em cada página. Minhas letras transbordarão em ti. Derramar-se-á todo o amor que meu coração faz ecoar em mim, em seus olhos.

DESDE QUE TE CONHECI

TEM SIDO PRIMAVERA.

E SORRISO.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Substancial
Dry Neres





Versus: O que falta é coragem! O que falta é... Deixar de amar!

Proso: Ora, Sr. Paulo... Então é possível?

Versus: Assim como veste, agasalha, afaga... O amor também foi programado para desabrigar. Digo, não o amor em si. Exorto-te acerca do-s sujeito-s empregado-s no verbo.

Proso: Tudo seria mais tão fácil se então pudesse terminar em poesia. Puxa a cadeira, molha a ponta do lápis, enverga a folha, derruba dois dedos de qualquer líquido e dorme.

Pairo acima de algum lugar em mim. E percebo-me ausente.

Quando sinto-me assim é porque preciso da multidão de São Paulo. Daquelas ruas geladas, de rostos fugidios, imagem forçada. É porque quero te perder lá no meio. Esquecer sua voz lá dentro. E percebo-me ausente.

sábado, 13 de junho de 2009

Escrevo hoje,
porque ontem seus lábios
não me deram trégua
Dry Neres




Eu poderia descrever cada detalhe do nosso dia, da nossa noite... Todavia, prendo-me, apego-me ao instante perfeito em que nossos dedos ganharam vestes. Nos casamos sem templo, sem padre, sem vestido. Casamo-nos na avenida lotada de carros, luzes, nós - estávamos. Nossos corpos pairavam acima do céu. Éramos maestrinas do universo. Fizemo-nos amantes no local de fazer paixão. Estávamos num playground - nosso playground. Nos invadimos. Surpreendemo-nos. Nossos corpos se intercalavam entre as nuvens. Nossos dedos brincaram de tocar as almas nossas; brincaram de nos arrancar sensações e líquidos. Mas era mais - transcendental - tínhamos o que é desejável aos namorados - tínhamos o desejo de nos pertencer. De sermos eternos. Estamos eternos!
Eu gostaria de poder descrever o som do beijo. O som acústico do meu coração que se afogava em sentimentos dos quais não nos era permitido descrever. Nossos olhos transbordavam afagos, desejos, cuidados. Estou numa espécie de ressaca amável, amada. Casamo-nos na avenida lotada. Tem sido dia dos namorados desde que te conheci. Antes mesmo de você sequer cogitar qualquer possibilidade de unir suas mãos às minhas - já era dia dos namorados pra mim. Silenciei-me então. Hoje grito, escrevo, brinco - Vai sempre ser dia dos namorados, enquanto você permanecer comigo. Enquanto os ventos me permitirem a dádiva de cultivar o amor - de regá-lo. Vai sempre ser carnaval, ou novembro, ou 12, ou São João - Vai sempre ser amor!

terça-feira, 9 de junho de 2009

E AQUI?
VAI HAVER CENSURA?
Bem Nos Queremos
Dry Neres




Amor, o que é que fizestes com o meu coração? Criou um mundo novo onde os signos se misturam, as horas se congelam, o coração é feito cor - vermelho-amor.
Amor, o que são seus sorrisos extensos, seus abraços famintos, suas mãos de tocar alma - a minha. Esse amor meu é quase desesperado. Culmina em mim todo o cuidado do mundo. Revolvo com carinho cada parte sua. Escrevo meu nome em suas laterais. Apago posteriormente na tentativa de não te eternizar. O amor livre é o melhor. Já provei desse sabor. Deliciamo-nos assim! És em mim, o que seria até insuficiente descrever.
Lembro-me que meu pequeno corpo vagava a chutar pedras, desenhar versos, rasgar cartas. Na verdade, era mais. Lembro-me que meu corpo vagava só, frio, em desamor. Apareceste numa noite fria de novembro. A lua estava calma. Não havia estrelas no céu. Havia um céu nas estrelas. Rodeada de pessoas, risos, músicas - Você me veio. Ainda não era minha. Demoraste a ser. Mas a certeza que eu tinha é que te conhecia antes mesmo de te conhecer. E o amor nasceu em mim, como nasce água límpida.
Meus olhos desde então te seguiam. O GPS do meu carro indicava a direção do teu lugar de morar e viver. O meu coração indicava que nosso encontro era certo; que nossos passos logo se encontrariam em compasso harmônico e que nosso beijo seria interminável durante longos dias de dormir e viver contigo. O caminho foi árduo. Sinto por ter sido. Diversas vezes vi meus joelhos sangrarem. Uma febre sem nome invadiu meu corpo e passou a habitar os meus dias. Os meus dedos calejados ficaram de te enviar correspondências acerca do meu amor. E hoje sorrio largamente, ao perceber que já não és mais o MEU amor. SOMOS o AMOR uma d'outra! É recíproco. É real. É tão você em mim. Sou tão eu em você. Bem nos queremos. Bem nos amamos. Bem nos cuidamos.
Eu te amo bem um monte *_*

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Da dor
Dry Neres



O mar os tragou.
Alguém se calou.
Um choro se ouviu.
Porque alguém partiu.

O vento quis dançar com o objeto de voar:
Perdemos um sorriso. Perdemos um amigo.
Perdemos um homem. Perdemos uma mulher.
Perdemos a pureza, de uma criança, que foi antes do que deveria;
De um bebê que ainda seria...

O vento quis dançar com o objeto de voar.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Bem Bom Te Ter Na Minha Vida
Dry Neres


Um Amor Puro
Composição: Djavan


"O que há dentro do meu coração, eu tenho guardado pra te dar. E todas as horas que o tempo tem pra me conceder, são tuas até morrer. E a tua história, eu não sei! Mas me diga só o que for bom. Um amor tão puro que ainda nem sabe a força que tem... É teu e de mais ninguém! Te adoro em tudo, tudo, tudo!!! Quero mais que tudo, tudo, tudo!!! Te amar sem limites, viver uma grande história. Aqui ou noutro lugar, que pode ser feio ou bonito... Se nós estivermos juntos haverá um céu azul. Um amor puro... Não sabe a força que tem. Meu amor eu juro, ser teu e de mais ninguém. Um amor puro"!

182 dias ou 4.368 horas ou ainda 10.920 minutos - Seven s2

Estou ligeiramente encantada com o teu sorriso. Acho que estou apaixonada! É possível então apaixonar-se pelo mesmo Ser diversas vezes? Por e com você o amor é infinito. É uma carta de data invisível. É algum elemento inelegível. Só é por si só possível, quando nossos lábios e almas resolvem cuidarem-se. Eu faço amor com as palavras que se derramam de mim. Eu faço canção das lágrimas de alegria que sopram de nós. Entre os labirintos do que nomearam de amor, estamos. Embora, alguns espinhos tenham insistido morar em nossas pétalas, estamos. Voltamos! Mais fortes, mais mulheres, mais humanas, mais verdade e menos ausência. Estamos! Eu amo cada hora dessas em que as Estrelas me permitem o brilho de sua Regente maior. Eu amo cada loucura nossa. Eu faço preces, e sou religiosa e tenho fé na junção dos corpos nossos. O amor me rouba a descrença. Eu me visto da felicidade e banho-me no brilho que nossos olhos refletem. Eu me visto de felicidade e saio pelas ruas encorajada à permanecer em nós. Eu amo você!